A GENTE SÓ CONSEGUE VIVER ENQUANTO COMUNIDADE: TRAÇANDO OS ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS DE HOMENS TRANS EM CURITIBA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/diver.v16i2.92839

Resumo

O estudo buscou conhecer e compreender os itinerários terapêuticos de homens trans em Curitiba, revelando as estratégias e desafios vividos na busca por soluções para demandas em saúde. Através de entrevistas virtuais semiestruturadas, analisamos o conteúdo das narrativas em diálogo com a literatura atual sobre o tema. Os resultados revelaram o papel central da rede de apoio mútuo formada por pessoas transmasculinas da região na facilitação do acesso aos serviços e na construção coletiva e autônoma de conhecimento e estratégias de enfrentamento de barreiras. Também identificamos - no trânsito constante entre os serviços de saúde e fora deles - desafios relacionados ao tempo de espera, à dificuldade em encontrar profissionais de saúde sensíveis às suas necessidades e ao desconhecimento sobre as transmasculinidades. A questão do tempo e da demora se mostraram fundamentais para compreender a experiência da transmasculinidade e sua relação com a saúde em conceito ampliado. Com esses achados, espera-se contribuir com o conhecimento a respeito das experiências dos homens trans e fornecer subsídios teóricos para aprofundar as discussões sobre a saúde dos homens transgênero no contexto brasileiro.

Palavras-chave: transmasculinidade; transgênero; rede de apoio.

Biografia do Autor

Gregório Andreassa Soares, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, Paraná

Graduação. Medicina

Deivisson Vianna Dantas dos Santos, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, Brasil

Docente Adjunto do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Mestrado Profissional em Saúde da Família

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Publicado

2023-12-22

Como Citar

Andreassa Soares, G., & Vianna Dantas dos Santos, D. (2023). A GENTE SÓ CONSEGUE VIVER ENQUANTO COMUNIDADE: TRAÇANDO OS ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS DE HOMENS TRANS EM CURITIBA. Divers@!, 16(2), 531–545. https://doi.org/10.5380/diver.v16i2.92839