A GENTE SÓ CONSEGUE VIVER ENQUANTO COMUNIDADE: TRAÇANDO OS ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS DE HOMENS TRANS EM CURITIBA
DOI:
https://doi.org/10.5380/diver.v16i2.92839Resumo
O estudo buscou conhecer e compreender os itinerários terapêuticos de homens trans em Curitiba, revelando as estratégias e desafios vividos na busca por soluções para demandas em saúde. Através de entrevistas virtuais semiestruturadas, analisamos o conteúdo das narrativas em diálogo com a literatura atual sobre o tema. Os resultados revelaram o papel central da rede de apoio mútuo formada por pessoas transmasculinas da região na facilitação do acesso aos serviços e na construção coletiva e autônoma de conhecimento e estratégias de enfrentamento de barreiras. Também identificamos - no trânsito constante entre os serviços de saúde e fora deles - desafios relacionados ao tempo de espera, à dificuldade em encontrar profissionais de saúde sensíveis às suas necessidades e ao desconhecimento sobre as transmasculinidades. A questão do tempo e da demora se mostraram fundamentais para compreender a experiência da transmasculinidade e sua relação com a saúde em conceito ampliado. Com esses achados, espera-se contribuir com o conhecimento a respeito das experiências dos homens trans e fornecer subsídios teóricos para aprofundar as discussões sobre a saúde dos homens transgênero no contexto brasileiro.
Palavras-chave: transmasculinidade; transgênero; rede de apoio.
Referências
ALVES, P. C., SOUZA, IM. Escolha e avaliação de tratamento para problemas de saúde: considerações. sobre o itinerário terapêutico. In: Rabelo MC, Alves PCS, Souza IM, organizadores. Experiência de Doença e Narrativa. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1999. p. 125-38.
BACCARIM, R. B. G. A garantia dos direitos à saúde de travestis e transexuais em serviços de saúde de Curitiba/PR: uma análise das práticas de profissionais da saúde. 2017. 107 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba (PR), 2017. Disponível em: https://tede.utp.br/jspui/handle/tede/1210.
BOFFI, Letícia Carolina. Tornando-se homem: processos de agenciamento de corporalidades de homens trans - contribuições para o campo emergente das transmasculinidades. 2022. Dissertação (Mestrado em Psicologia em Saúde e Desenvolvimento) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2022. doi:10.11606/D.59.2022.tde-08112022-162757.
BRAZ, C. Vidas que esperam? Itinerários do acesso a serviços de saúde para homens trans no Brasil e na Argentina. Cad. Saúde Pública, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/SWPVbsZqNBshQgBV6kqLZVg/?lang=pt. https://doi.org/10.1590/0102-311X00110518
BRITTO JÚNIOR, A. F. de; FERES JÚNIOR, N. A utilização da técnica da entrevista em trabalhos científicos. Evidência, Araxá, v. 7, n. 7, p.237-250, 2011. Disponível em: https://met2entrevista.webnode.pt/_files/200000032-64776656e5/200-752-1-PB.pdf.
CAMPOS, C. J. G. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Rev Bras Enferm, Brasília, v. 57, n.5, p. 611-614, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/wBbjs9fZBDrM3c3x4bDd3rc/abstract/?lang=pt
CAMPOS, G. W. S. et al. Tratado de saúde coletiva. In: Tratado de saúde coletiva. 2017. p. 968 p-968
CERVI, T. A. N. Homens de verdade: a efetivação do acesso à saúde de homens trans e a criação do Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assistência à Pessoa Trans UNIFESP. 2018. 128 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva) - UNIFESP, São Paulo (SP), 2008. Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/49168.
DANTAS, B. R. S. S. Buscas pelo cuidado: o itinerário terapêutico de transexuais no município de Niterói. 2021. 114 f. Dissertação (Mestrado em Saúde da Família) - Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói (RJ), 2021. Disponível em: https://profsaude-abrasco.fiocruz.br/tcm/buscas-cuidado-itinerario-terapeutico-transexuais-municipio-niteroi.
DEMÉTRIO, F.; SANTANA, E. R.; PEREIRA-SANTOS, M. O Itinerário Terapêutico no Brasil: revisão sistemática e metassíntese a partir das concepções negativa e positiva de saúde. Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 43, n. especial 7, p. 204-221, Dez. 2019.
FERNANDES, F. M. B.; MOREIRA, M. R. Considerações metodológicas sobre as possibilidades de aplicação da técnica de observação participante na Saúde Coletiva. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro. v. 23, n.2, p. 511–529, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-73312013000200010
FONTANELLA, B. B.; RICAS, J.; TURATO, E. R. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/Zbfsr8DcW5YNWVkymVByhrN/
FRANCO, M. L. P. B. Análise de conteúdo. 3a ed. Brasília: Liber Livro Editora; 2012.
GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 35, n. 3, p. 20-29. Mai./Jun. 1995. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rae/a/ZX4cTGrqYfVhr7LvVyDBgdb/?lang=pt. https://doi.org/10.1590/S0034-75901995000300004
MATTOS, M. H.; ZAMBENEDETTI, G. Itinerários terapêuticos de homens trans em transição de gênero. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 33, e240732, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/psoc/a/m7mmzqNwBNZthWqtt3wLmDd/
MINAYO, M. C. de S. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência & Saúde Coletiva [Internet], v. 17, n. 3, p. 621-626, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/39YW8sMQhNzG5NmpGBtNMFf/#
NASCIMENTO, G. S. Porque ginecologia é pra mulher né?!: a experiência de homens trans no atendimento ginecológico. 2020. 105 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro (RJ), 2020. Disponível em: https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/16849.
OLIVEIRA, P. H. L. et al. Itinerário terapêutico de pessoas transgênero: assistência despersonalizada e produtora de iniquidades. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 32, n. 2, 2022. p. 1-21. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/NGWFCJ3STWFmJpnVRKLqp5J/
PINHO, P. H. et al. Os itinerários terapêuticos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de homens trans em busca do processo transexualizador. Revista Eletrônica Acervo Saúde [Internet], v. 13, n. 11, p. 1-10, 2021. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/9116
RIBEIRO, C. R. et al. Masculinidades em construção, corpos em (re)construção: desejos, contradições e ambiguidades de homens trans no processo transexualizador. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, n. 10, p.3901-3911, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/CJCLr4GXD7Z4s7QfjBxBbxk/abstract/?lang=pt
ROCON, P. C. et al. Desafios enfrentados por pessoas trans para acessar o processo transexualizador do Sistema Único de Saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação [online]. 2019, v. 23. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/KfsPfJt3kBvPky8CVcSy5wL/?lang=pt.
TENÓRIO, L. F. P.; PALHANO, L. Breve histórico das transmasculinidades no Brasil no século XX e início do século XXI. Revista Estudos Transviades [Internet], v. 3, n. 5, junho de 2022, p. 79-95. Disponível em: https://revistaestudostransviades.wordpress.com/2022/06/20/revista-estudos-transviades-v-3-n-5-jun-2022/
TURATO, E. R. Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e seus objetos de pesquisa. Rev Saúde Públic, São Paulo, v. 39, n. 3, p.507-514, jun. 2005. Bimestral. https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000300025
VIEIRA, C.; PORTO, R. M. “Fazer emergir o masculino”: noções de “terapia” e patologização na hormonização de homens trans. Cadernos Pagu, Campinas, n. 55, e195516, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cpa/a/F8PLQzpRWnMy7DHdMz53JbB/abstract/?lang=pt
VINUTO, J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Tematicas, Campinas, SP, v. 22, n. 44, p. 203–220, 2014. DOI: 10.20396/tematicas.v22i44.10977. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/tematicas/article/view/10977.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais (copyright)
A Revista Divers@! é um periódico científico de acesso aberto e o copyright dos artigos e da entrevista pertence aos respectivos autores/entrevistados com cessão de direitos para a Divers@! no que diz respeito à inclusão do material publicado (revisado por pares) em sistemas/ferramentas de indexação, agregadores ou curadores de conteúdo.
Não serão pagos direitos autorais aos autores dos textos publicados pela revista. Os direitos autorais são do autor, no entanto, seu acesso é público e de uso gratuito.

