SABERES ETNOBOTÂNICOS: À BEIRA DO ESQUECIMENTO OU RUMO À RESILIÊNCIA?
DOI:
https://doi.org/10.5380/diver.v13i2.76918Resumo
Acredita-se que o Brasil possui a maior diversidade genética vegetal do planeta. Nesse contexto, refletimos a Etnobotânica como ciência multidisciplinar que considera a percepção, o manejo e a classificação dos vegetais, com o estudo das relações dos povos com as plantas e suas contribuições para a concepção de saúde. Sendo assim, através de uma revisão bibliográfica, nosso objetivo foi trazer neste artigo discussões em torno do desafio de promover a visibilidade e a valorização dos saberes etnobotânicos, apresentando recortes etnográficos obtidos em três pesquisas apresentadas ao Programa de Pós-graduação em Rede Nacional para o Ensino das Ciências Ambientais, da Associada UFPR. Como resultado das reflexões geradas no decorrer das pesquisas, propomos como linhas de discussões que podem se abrir com a valorização e visibilidade dos saberes etnobotânicos: o auto reconhecimento dos sujeitos, que leva ao pertencimento e a resiliência; respeito aos sujeitos e aos seus povos e culturas que manifestam esses saberes; representatividade política e acesso a políticas públicas quando incluídos em grupos étnicos, o que garantiria as práticas culturais, principalmente ligados ao trabalho; e o valor intrínseco da importância das plantas para a saúde, tendo como meio a alimentação saudável e o uso de plantas medicinais no auxílio a prevenção e tratamento de doenças. Concluímos que a valorização e visibilidade dos saberes etnobotânicos além de trazer os sujeitos ausentes, pessoas que detêm esses conhecimentos, para o diálogo de saberes, faz com que aos poucos eles possam se reinventar, caminhando junto com a modernidade, a ciência e a tecnologia, sem perder suas identidades. Ou a modernidade, a ciência e tecnologia caminhando junto a eles.
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