ALUNO OU SOLDADO? PODER DISCIPLINAR

Autores

  • Fábio de Oliveira Silva Universidade do Vale do Itajaí (Univali)
  • Maria Glória Dittrich Universidade do Vale do Itajaí (Univali)

DOI:

https://doi.org/10.5380/diver.v14i1.70365

Resumo

O objetivo do processo educacional das escolas militares é formar um aluno ou um soldado? O que é um soldado além da disciplina, do corpo dócil, do obedecer a comandos? Se são divisas ou notas/conceitos qual a diferença? No que difere de um aluno civil? Um treinado para a guerra militar e o outro treinado para a civil? Um para a guerra propriamente dita, o outro para a guerra do mercado de trabalho; em ambas, só os melhores sobrevivem. Então, pressupõe-se que a escola militar estaria no caminho certo ao aproximar a educação da guerra. O problema é que nem a militar e nem a civil admitem a formação para suas respectivas guerras que, no limite da análise, acabam por ser, no discurso, a guerra do mercado, que exige qualidade. É justamente o processo educacional militar que se apoia no discurso do poder disciplinar para afirmar sua superioridade e de seus alunos (soldados) em relação aos colégios civis. O objetivo deste artigo é refletir sobre o poder disciplinar ocultado pela sobreposição de duas palavras: educação e qualidade. Utilizada metodologia centrada na pesquisa bibliográfica e informações retiradas da internet com proposta de avaliação qualitativa com método teórico e indutivo. Desta forma foi possível verificar que a educação militar, conforme a pesquisa, não garante necessariamente a qualidade do ensino nem resultados melhores se comparada a civil. No cômputo geral, parece desejar formar soldados e não alunos, tendo a disciplina como diferencial e sinônimo de qualidade.

Biografia do Autor

Fábio de Oliveira Silva, Universidade do Vale do Itajaí (Univali)

Graduado em Administração de Empresas pela Universidade da Região de Joinville - Univille (2003). Aperfeiçoamento em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas - FGV (2009). Especialista em Gestão em Responsabilidade Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas Belo Horizonte (2012). Mestre em Gestão de Políticas Públicas - Univali (2018). Servidor público da Prefeitura Municipal de Joinville desde 2002 atuando em áreas como Educação, Perícia Médica, Gestão de Pessoas, serviço de Referência e serviço de Controle e Avaliação em Saúde. Atualmente lotado na Área Orçamentária da Secretaria Municipal da Saúde com função principal de análise de receitas estaduais e federais, auxiliando na estruturação de modelo de controle dentro do Núcleo de Custos e Receitas. Contribuindo também com o trabalho realizado na secretaria, no que tange o Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC). Docente de pós-graduação na Universidade da Região de Joinville (Univille) - Especialização em Desenvolvimento Gerencial e Gestão de Pessoas; módulo de Responsabilidade Social e Reflexos Éticos/Ética e Responsabilidade Social Empresarial (2014-atual).

Maria Glória Dittrich, Universidade do Vale do Itajaí (Univali)

Possui graduação em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (1993), mestrado em Educação pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2000) e doutorado em Teologia pela Escola Superior de Teologia (2008). É professora titular e pesquisadora da Universidade do Vale do Itajaí no Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Ciências Políticas, onde também está atuando como coordenadora; e no Curso de Graduação em Enfermagem.

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Publicado

01-07-2021

Como Citar

Silva, F. de O., & Dittrich, M. G. (2021). ALUNO OU SOLDADO? PODER DISCIPLINAR. Divers@!, 14(1), 44–56. https://doi.org/10.5380/diver.v14i1.70365

Edição

Seção

Artigos