ALUNO OU SOLDADO? PODER DISCIPLINAR
DOI:
https://doi.org/10.5380/diver.v14i1.70365Resumo
O objetivo do processo educacional das escolas militares é formar um aluno ou um soldado? O que é um soldado além da disciplina, do corpo dócil, do obedecer a comandos? Se são divisas ou notas/conceitos qual a diferença? No que difere de um aluno civil? Um treinado para a guerra militar e o outro treinado para a civil? Um para a guerra propriamente dita, o outro para a guerra do mercado de trabalho; em ambas, só os melhores sobrevivem. Então, pressupõe-se que a escola militar estaria no caminho certo ao aproximar a educação da guerra. O problema é que nem a militar e nem a civil admitem a formação para suas respectivas guerras que, no limite da análise, acabam por ser, no discurso, a guerra do mercado, que exige qualidade. É justamente o processo educacional militar que se apoia no discurso do poder disciplinar para afirmar sua superioridade e de seus alunos (soldados) em relação aos colégios civis. O objetivo deste artigo é refletir sobre o poder disciplinar ocultado pela sobreposição de duas palavras: educação e qualidade. Utilizada metodologia centrada na pesquisa bibliográfica e informações retiradas da internet com proposta de avaliação qualitativa com método teórico e indutivo. Desta forma foi possível verificar que a educação militar, conforme a pesquisa, não garante necessariamente a qualidade do ensino nem resultados melhores se comparada a civil. No cômputo geral, parece desejar formar soldados e não alunos, tendo a disciplina como diferencial e sinônimo de qualidade.
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