Transição energética nos EUA: por ora, o gás natural é o limite
DOI:
https://doi.org/10.5380/cg.v11i3.86614Resumo
O objetivo geral deste artigo é analisar a evolução e as perspectivas de transição energética nos Estados Unidos da América (EUA) e entender o papel desse país na descarbonização da matriz energética global. Especificamente, o trabalho buscará constatar se há um processo de transição energética em curso nos EUA e se os norte-americanos tendem a atuar como um agente acelerador ou desacelerador desse processo em escala global. Com essa finalidade, é feito um detalhamento da evolução da matriz energética nos EUA entre 1991 e 2021 e se apresentam projeções para os próximos 30 anos. Em seguida, são listadas ações do governo norte-americano para apoiar as atividades de óleo e gás e estimular o desenvolvimento e utilização de fontes renováveis de energia. Analisam-se as estratégias de duas grandes petroleiras norte-americanas, além da situação atual e perspectivas das petroleiras independentes no país. A pesquisa conclui que há uma transição energética em curso nos EUA, tendo em vista a redução da participação do carvão e o aumento das participações do gás natural e de fontes renováveis no consumo total de energia primária do país. No entanto, o país seguirá fortemente dependente dos combustíveis fósseis, principalmente do gás natural. Adotando uma perspectiva realista das relações internacionais, o estudo constatou ainda que os EUA tendem a retardar a descarbonização da matriz energética global por razões geopolíticas. O trabalho se baseou em estudos de entidades e empresas da área de energia, documentos oficiais dos EUA, bibliografia acadêmica e matérias jornalísticas.
Palavras-Chave: Energia; EUA; Petróleo; Gás; Geopolítica.
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