Representação vs. Representatividade: estudos feministas no Brasil na pós-graduação
DOI:
https://doi.org/10.5380/cg.v11i1.82573Resumo
O campo teórico internacional é marcado pela cisheteropatriarcalidade e, como tal, costumeiramente segrega estudos feministas, de sexualidade e de gênero como um todo. Pensando no problema que a herança ocidental deixa para a disciplina e para os estudos de Relações Internacionais no Brasil, objetivamos analisar os programas de mestrado (PPGRIs) desta área nas universidades federais e estaduais brasileiras, a fim de observar questões como representação e representatividade feminina, bem como suscitar um debate acerca das produções das discentes considerando a interseccionalidade entre gênero e nacionalidade. Para tal, a metodologia adotada foi a qualitativa, e os métodos utilizados na produção foram a revisão narrativa, com foco especial nos conceitos de interseccionalidade, representação e representatividade, bem como a análise de dados coletados essencialmente nas páginas dos programas de pós-graduação e em plataformas públicas. Como principais resultados, encontramos a discrepância entre o número de pesquisadoras internacionalistas nos PPGRIs e as pesquisas de gênero, situação na qual somente 9,83% das discentes pesquisam temas relacionados a gênero. Ainda assim, como grata surpresa, descobrimos que 49,55% do quadro discente dos programas de mestrado das IES públicas é formado por mulheres e que suas pesquisas fazem partes das mais diversas áreas, sendo a de política externa e atores internacionais a que conta com maior participação feminina.
Referências
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.
ÅHÄLL, Linda. Affect as Methodology: Feminism and the Politics of Emotion. International Political Sociology (2018), 0, p.2.
AHMAD, Ambar. Islamic Feminism: a contradiction in terms?. Friedrich Ebert Stiftung, New Dheli: Fes India Paper, 2015.
ASSIS, Dayane N. Conceição de. Interseccionalidades. Salvador: UFBA, Instituto de Humanidades, Arte e Ciências; Superintendência de Educação à Distância, 2019. Disponível em: <https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/554207/2/eBook%20-%20Interseccionalidades.pdf> Acesso em 03 nov.2021
BAHRI, Deepika. Feminismo e/no pós-colonialismo. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 21, n. 2, p. 659-688, nov. 2013.
BALLESTRIN, Luciana. Feminismos Subalternos. Rev. Estud. Fem. 25 (3), Sep-Dec, 2017.
BALLESTRIN, Luciana. America Latina e o Giro Decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política. 11 (maio-agosto) 2013, 89-117.
BIROLI, Flávia; MIGUEL, Luis Felipe. Feminismo e política: uma introdução. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2014.
BORDENAVE, Juan Díaz. O que é participação. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994.
BURIGO, Joana. Feminismos: algumas verdades inconvenientes. Curso de Feminismos. Notas da aula. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em <https://lumina.ufrgs.br/course/view.php?id=100>. Acesso em 02 dez. 2020.
CHOWDRY, Geeta.; NAIR, Sheila. (eds.) Power, Postcolonialism and International Relations: Reading Race, Gender and Class, London: Routledge, 2014.
COCQ, Fabienne Portier-Le (ed.) Motherhood in Contemporary International Perspective: Continuity and Change. London: Routledge, 2021.
COELHO, André L.; ELIAS, Ivi V.; SANTOS, Vinicius S. d.; A participação das mulheres na produção acadêmica da área de Relações Internacionais no Brasil. Mural Internacional, Rio de Janeiro, Vol. 20., 2019.
COHN, Carol. Sex and Death in the Rational World of Defense Intellectuals. Signs: Journal of Women in Culture and Society, vol. 12, no. 4, Summer 1987)
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO. Plataforma Lattes. Página Inicial, 2021. Disponível em <http://lattes.cnpq.br/> Acesso em: 19 nov. 2021.
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Plataforma Sucupira, Página Inicial, 2021. Disponível em <https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/> Acesso em: 19 nov. 2021.
CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the intersection of race and sex: A Black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. In: University of Chicago Legal Forum. 1989. p. 139-167.
D. COSTA, Bina; LEE-KOO, Katrina (eds). Gender and Global Politics in the Asia-Pacific. New York: Palgrave Macmillan, 2009.
DA SILVA, Tomaz Tadeu. Identidade e diferença. Organizado por Tomaz Tadeu da Silva. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2000 p. 73-102.
DINIZ, Débora. Não existe escrita legítima, existe escrita legitimada. YOUTUBE. 24 de Jul. 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UAzzxvxuF9g> Acesso em 24 de jul. 2020.
DUARTE VILLA, R.; TICKNER, Arlene B.; SOUZA, Marília Carolina B.; MÁSMELA, Yamille, C. C.; Comunidades de Relações Internacionais na América Latina: uma análise das tendências a partir do TRIP 2014. Rev. Carta Intern., Belo Horizonte, v. 12, 2017, p. 224-256.
DULIĆ, Dragana. Feminist Security Research. In: ŠARANOVIĆ, Jovanka. Women in the Security Sector – A Regional Perspective: A Collection of Thematic Papers. STRATEGIC RESEARCH INSTITUTE BELGRADE, 2011, p.9-26.
ENLOE, Cynthia. Seriously! Investigating Crashes and Crises as If Women Mattered. 1st ed. Oakland: University of California Press, 2013.
ENLOE, Cynthia. Bananas, Beaches and Bases: Making Feminist Sense of International Politics. London: Pandora. 1989.
ELSHTAIN, Jean Bethke. Women and war. New York : Basic Books, 1987.
GALHERA, Katiuscia Moreno; MASO, Tchella. Abertura: Dossiê “Feminismos, Gênero e Relações Internacionais”. Monções: Revista de Relações Internacionais da UFGD, Dourados, v.6. n.11, jan./jun. Disponível em <http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/moncoes>. Acesso em 29 jul. 2020.
GALLIGAN, Yvonne. Gender and Political Representation: Current Empirical Perspectives. International Political Science Review, Vol. 28, No. 5, pp. 557-570, 2007.
HOOKS, Bell. Intelectuais negras. Estudos feministas, v. 3, n. 2, p. 464, 1995.
LAKE, D. A. Theory is dead, long live theory: The end of the Great Debates and the rise of eclecticism in International Relatios. European Journal of International Relations, 2013.19: 567.
LAPID, Y. The Third Debate: On the Prospects of International Theory in a Post-Positivist Era. International Studies Quarterly, Vol. 33, No. 3 (Sep., 1989), pp. 235-254.
LAVALLE, Adrian Gurza; ARAUJO, Cicero (Coords.) Dossiê: Representação Política no Brasil. Caderno CRH. v. 21, n.52, 2008. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/issue/view/1351. Acesso em: 03 nov. 2021.
LERMA, Beth R. L.. El feminismo no puede ser uno porque las mujeres son diversas.Aportes a un feminismo negro decolonial desde la experiencia de las mujeres negras del Pacífico colombiano. La manzana de la discordia, Julio – Diciembre, Año 2010, Vol. 5, No. 2: 7-24.
MONTE, I. X. do. O debate e os debates: abordagens feministas para as Relações Internacionais. Rev. Estud. Fem., Florianopolis, v. 21 ,n. 1, p. 59-80, 2013. Disponivel em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
X2013000100004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 14 abr. 2021.
RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.
RUNYAN, Anne Sisson. Decolonizing knowledges in feminist world politics. International Feminist Journal of Politics, 20:1, 3-8, 2018.
SACCHET, Teresa. Representação política, representação de grupos e política de cotas: perspectivas e contendas feministas. Revista Estudos Feministas [online]. 2012, v. 20, n. 2. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-026X2012000200004>. Acesso em: 03 nov. 2021.
SCOTT, Joan Wallach. Gender: A Useful Category of Historical Analysis. Columbia University Press, 1986.
SMITH, S. The discipline of international relations: still an American social science? British Journal of Politics and International Relations, v. 2, n. 3, October 2000.
SYLVESTER, C. Feminist Theory and International Relations in a Postmodern Era. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.
TICKNER, J. A.; TRUE, J. A Century of International Relations Feminism: From World War I Women”s Peace Pragmatism to the Women, Peace and Security Agenda. International Studies Quarterly, Volume 62, Issue 2, June 2018, Pages 221–233, 2018
TICKNER, A. Core, Periphery and (Neo)Imperialist International Relations. European Journal of International Relations, vol.19, n.2, p.627-646, 2013.
TICKNER, J. Ann. Gender in International Relations: Feminist Perspectives on Achieving Global Security. New York: Columbia University Press, 1992
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Instituto de Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <http://irel.unb.br/> Acesso: em 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Instituto de Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <http://www.iri.usp.br/> Acesso em: 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA. Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <http://pos-graduacao.uepb.edu.br/ppgri/> Acesso em: 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SÃO PAULO; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO. Programa Interinstitucional de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas. Página Inicial, 2020. Disponível em <https://www.santiagodantas-ppgri.org/> Acesso em: 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO. Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <http://www.ppgri.uerj.br/> Acesso em: 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <https://ihac.ufba.br/pos-graduacao/ppgri/> Acesso em: 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA. Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <https://portal.unila.edu.br/mestrado/ppgri> Acesso em: 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA. Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <https://sigaa.ufpb.br/sigaa/public/programa/portal.jsf?lc=pt_BR&id=3139> Acesso em: 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <https://ppgri.ufsc.br/> Acesso em: 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Departamento de Economia e Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <https://www.ufsm.br/unidades-universitarias/ccsh/departamentos/deri/> Acesso em: 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA. Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <http://www.ieri.ufu.br/> Acesso em: 19 nov. 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC. Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Página Inicial, 2021. Disponível em <https://sig.ufabc.edu.br/sigaa/public/programa/portal.jsf?lc=pt_BR&id=320> Acesso em: 19 nov. 2021.
VIGEVANI, Tullo; THOMÁZ, Laís Forti; LEITE, Lucas Batista. As Relações Internacionais no Brasil: notas sobre o início de sua institucionalização. Inter Relações. Publicação do Curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina / Ano 14 – Nº 40 / 2º Semestre 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os editores da Conjuntura Global (ISSN 2317 – 6563) reservam-se o direito de adequar os textos submetidos ao padrão de formatação editorial da revista. Os artigos e resenhas assinados são de responsabilidade de seus autores, não expressando a opinião dos editores da Conjuntura Global.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY 4.0), que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista;
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
- A aprovação da produção implica automaticamente a autorização à Revista Conjuntura Global para encaminhamentos pertinentes junto às bases de dados de indexação de periódicos científicos.