Open Journal Systems

As Normas Internacionais e o Comportamento dos Estados: A relação entre os povos indígenas e o Brasil sob o jugo da Convenção Nº 169 da OIT

Leonardo Agrello Madruga

Resumo


O século XX, principalmente, foi marcado pelo florescimento e propagação das Organizações Internacionais. A despeito de que já existiam organizações desse cunho em período anterior, em meados daquele século é que elas se propagaram em maior escala e, por conseguinte, passaram a figurar com maior relevância no Sistema Internacional. Sob a perspectiva construtivista e de enfoque estruturalista, observa-se como essas organizações podem afetar o comportamento dos Estados. A respeito disso é que tratará este artigo, no sentido de, brevemente, analisar a influência da Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre os povos indígenas e tribais e o comportamento do Estado brasileiro. Os métodos de pesquisa utilizados são revisão bibliográfica e análise documental. Para tanto, na primeira seção, comenta-se sobre o construtivismo de Wendt e a propagação de normas no ambiente internacional. Logo, observa-se, com um breve histórico, o surgimento da Convenção nº 169 da OIT. Por fim, analisa-se a questão da tutela no Brasil e a situação dos povos indígenas no país perante os direitos consolidados após a ratificação da Convenção. Nas conclusões, comenta-se o fato de que, embora o Estado brasileiro tenha internalizado a norma, seu comportamento indica que ela não está sendo cumprida.

Palavras-Chave: Construtivismo; Organizações Internacionais; Convenção nº 169 da OIT; Brasil.


Texto completo:

PDF

Referências


ADLER, Emanuel. O construtivismo no estudo das Relações Internacionais. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, São Paulo, n. 47, p. 201-246, ago., 1999.

ANAYA, James. Indigenous Peoples in International Law. New York: Oxford University Press, 2000.

ANGHIE, Antony. The Evolution of International Law: colonial and postcolonial realities. Third World Quarterly, v. 27, n. 5, p. 739-753, 2006.

BARNETT; Michael N.; FINNEMORE, Martha. The Politics, Power, and Pathologies of International Organizations. International Organization, v. 53, n. 4, autumn, p. 699-732, 1999.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988.

CHARTERS, Claire. STAVENHAGEN, Rodolfo (Edits.). El Desafío de la Declaración. Historia y Futuro de la Declaración de la ONU sobre Pueblos Indígenas. Copenhague: Eks-Skolens Trykkeri, 2010.

CORDEIRO, Enio. Política Indigenista Brasileira e Promoção Internacional dos Direitos das Populações Indígenas. Brasília: Instituto Rio Branco; Fundação Alexandre Gusmão; Centro de Estudos Estratégicos, 1999.

CUNHA, Manuela Carneiro da. “Cultura” e cultura: conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais. In: CUNHA, Manuela Carneiro da. Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac & Naif, 2009.

EIDE, Asbjørn. Los Pueblos Indígenas, El Grupo de Trabajo Sobre Poblaciones Indígenas y la Adopción de la Declaración de la ONU sobre los Derechos de los Pueblos Indígenas. In: CHARTERS, Claire. STAVENHAGEN, Rodolfo (Eds.). El Desafío de la Declaración. Historia y Futuro de la Declaración de la ONU sobre Pueblos Indígenas. Copenhague: Eks-Skolens Trykkeri, 2010.

ESTADÃO. 6 Anos da Demarcação. São Paulo, 2015. Disponível em: < https://infograficos.estadao.com.br/politica/roraima-raposa-serra-do-sol/index.html> Acesso em: 02 ago. 2020

FIGUEROA, Isabela. A Convenção 169 da OIT e o dever do Estado brasileiro de consultar os povos indígenas e tribais. In: GARZÓN, Biviany Rojas (org.). Doc ISA 12 - Convenção 169 da OIT sobre povos indígenas e tribais: oportunidades e desafios para sua implementação no Brasil. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2009.

FINNEMORE, Martha. International Organizations as Teachers of Norms: The United Nations Educational, Scientific, and Cultural Organization and Science Policy. International Organization, v. 47, n. 4, autumn, p. 565-597, 1993.

FINNEMORE, Martha; SIKKINK, Kathryn. International Norm Dynamics and Political Change. International Organization, v. 52, n. 4, autumn, p. 887-917, 1998.

GARFIELD, Seth. A luta indígena no coração do Brasil. Política Indigenista. A Marcha para o Oeste e os índios Xavante (1937-1988). São Paulo: Editora Unesp, 2011.

HERZ, Mônica; HOFFMANN, Andrea Ribeiro; TABAK, Jana. Organizações Internacionais: história e práticas. 2. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

ISA. Instituto Socioambiental. Localização e Extensão das TIs. [2019]. Disponível em: < https://pib.socioambiental.org/pt/Localiza%C3%A7%C3%A3o_e_extens%C3%A3o_das_TIs>. Acesso em 2 ago. 2020.

KEOHANE, Robert O. After Hegemony. Cooperation and Discord in the World Political Economy. Princeton: Princeton University Press, 1984.

KEOHANE, Robert O.; NYE, Joseph S. Power and Interdependence. 4 ed. Boston: Longman, 2012.

LIGA DAS NAÇÕES. Pacto da Sociedade das Nações. Versalhes, 1919. Disponível em: . Acesso em: 15 de jan. 2019.

LIPSCHUTZ, Ronnie D. Reconstructing World Politics: The Emergence of Global Civil Society. Millenium, Journal of International Studies, v. 21, n. 3, p. 389-420, 1992.

LUCIANO, Gersem dos Santos. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.

MACKAY, Fergus. Una Guía para los Derechos de los Pueblos Indígenas en la Organización Internacional del Trabajo. Moreton-in-Marsh: Forest People’s Programme, 2002.

MADRUGA, Leonardo Agrello. OS POVOS INDÍGENAS E O ESTADO BRASILEIRO: Um olhar sobre o direito à autonomia. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019.

OIT. Organização Internacional do Trabalho. Convenção n° 169 sobre povos indígenas e tribais e Resolução referente à ação da OIT e Resolução referente à ação da OIT. Brasília: OIT, 2011.

ONU. Organização das Nações Unidas. Convenção nº 107 da OIT, de 05 de junho de 1957. Disponível em:

T%20n%20%C2%BA%20107).pdf>. Acesso em: 15 de jan. 2019.

ONU. Organização das Nações Unidas. Convenção nº 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. Disponível em: . Acesso em: 15 de jan. 2019.

ONU. Organização das Nações Unidas. REPORT ON THE SITUATION OF INDIGENOUS PEOPLES IN BRAZIL. A/HRC/12/34/Add.2. 14 de ago. 2009. Disponível em: . Acesso em 30 de jun. 2019.

ONU. Organização das Nações Unidas. Relatório da missão ao Brasil da Relatora Especial sobre os direitos dos povos indígenas. A/HRC/33/42/Add.1. 8 de ago. 2016. Disponível em: . Acesso em 30 de jun. 2019.

PACHECO DE OLIVEIRA, João. PACIFICAÇÃO E TUTELA MILITAR NA GESTÃO DE POPULAÇÕES E TERRITÓRIOS. Mana, 20(1), p.125-161, 2014.

SOUZA LIMA, Antonio Carlos. SOBRE TUTELA E PARTICIPAÇÃO: POVOS INDÍGENAS E FORMAS DE GOVERNO NO BRASIL, SÉCULOS XX/XXI. Mana, 21(2), p. 425-457, 2015.

WALTZ, Kenneth. Theory of International Politics. Reading: Addison-Wesley Publishing Company, 1999.

WENDT, Alexander. Social Theory of Internacional Politics. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.

WENDT, Alexander. Anarchy is what States Make of it: The Social Construction of Power Politics. International Organization, v. 46, n. 2 (Spring), p. 391-425, 1992.

WILLEMSEN-DIAZ, Augusto. Cómo llegaron los derechos de los pueblos indígenas a la ONU. In: CHARTERS, Claire. STAVENHAGEN, Rodolfo (Eds.). El Desafío de la Declaración. Historia y Futuro de la Declaración de la ONU sobre Pueblos Indígenas. Copenhague: Eks-Skolens Trykkeri, 2010.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/cg.v9i2.69143

Apontamentos

  • Não há apontamentos.