Memorial José Avelino: Um lugar de memória para iluminar memórias invisíveis

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/campos.v16i1.45520

Palavras-chave:

monumentos e memoriais, patrimônio cultural, memória traumática, sofrimento, fotografia

Resumo

Este trabalho é resultado de reflexões no campo da memória e do patrimônio, seguindo uma vertente de estudos multidisciplinares sobre processos de patrimonialização e recebe influência direta dos campos da história e da antropologia visual. Entende-se a fotografia enquanto método e objeto de estudo, mas, sobretudo, como um modo de pensar através de imagens. O método corresponde a uma abordagem fenomenológica e interpretativa baseada na análise do discurso em memoriais criados em lugares marcados por experiências dolorosas. Propõe-se uma reflexão sobre a preservação e a transmissão de memórias dolorosas e a manifestação da memória por meio de imagens mentais ou objetuais. As imagens não falam por si, mas possuem o potencial de colocar as memórias em movimento e de fazer circular suas informações.Contudo,é necessário um exercício ético-moral, situado entre empatia e imaginação, que conecte o testemunho em primeira pessoa, possibilitado pela história oral, e a pensatividade das imagens.

 

Biografia do Autor

Daniele Borges Bezerra, Universidade Federal de Pelotas

Daniele Borges Bezerra

Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Mestre em Memória Social e Patrimônio cultural (UFPEL). Atua na linha de pesquisa “Gestão de acervos e instituições de memória”. Possui Graduação em Artes Visuais e atua com fotografia em pesquisa. É membro do projeto de ensino Grupo de apoio à pesquisa etnográfica com imagem (GRAPETI) vinculado ao Laboratório de ensino, pesquisa e produção em antropologia da imagem e do som (LEPPAIS) do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas(ICH- UFPel). Durante o mestrado desenvolveu uma pesquisa sobre a memória de idosos e objetos afetivos numa instituição de caráter asilar. Atualmente desenvolve uma pesquisa sobre dispositivos de preservação da memória (museus e memoriais onde é possível observar a constância de objetos biográficos e fotografias) em antigos hospitais para o tratamento da lepra em dois estados do Brasil.

Juliane Conceição Primon Serres, Universidade Federal de Pelotas

Doutora em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Mestra em Museologia pela Universidad de Granada – Espanha.Graduada em História pela Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente é professora na Universidade Federal de Pelotas - Curso de Museologia e do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural. Tem experiência na área de Museologia e História. Pesquisa principalmente no seguintes temas: história da saúde pública, museus e patrimônio.

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Publicado

2015-06-30

Como Citar

Bezerra, D. B., & Serres, J. C. P. (2015). Memorial José Avelino: Um lugar de memória para iluminar memórias invisíveis. Campos - Revista De Antropologia, 16(1), 118–143. https://doi.org/10.5380/campos.v16i1.45520

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Artigos