Sobre a escola na produção da vida em comunidade: experiências ashaninka no rio Amônia
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v22i2.74154Palavras-chave:
escola, comunidade, AshaninkaResumo
Este artigo, desenvolvido a partir de um trabalho etnográfico junto aos Ashaninka do rio Amônia, trata do lugar da escola na produção contínua da “vida em comunidade”, novidade recente
nas dinâmicas da socialidade ashaninka, e que se opõe diretamente ao seu passado imediatamente anterior, quando se vivia no “tempo dos patrões”. Busco apresentar o papel que a escola desempenhou na atração dos núcleos familiares e a maneira como as mantém na “Apiwtxa”, traduzível por “nós juntos”, que dá nome tanto à comunidade, quanto à associação indígena. Afirmo que viver em comunidade, em torno de uma escola, se traduz na produção de uma força que pretende impedir ativamente o retorno à exploração pelos patrões e, portanto, um meio de reconstruir sua autonomia.
Referências
Beysen, P. M. B. I. (2008). Kitarense: pessoa, arte e estilo de vida Ashaninka do Oeste Amazônico (Tese de doutorado). Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Brown, M. F., & Fernández, E. (1991). War of Shadows: the struggle for utopia in the Peruvian Amazon. Berkeley: University of California.
Carneiro da Cunha, M. (1998). Pontos de vista sobre a floresta amazônica: xamanismo e tradução. Mana, 4(1), 7-22. https://doi.org/10.1590/S0104-93131998000100001
Colares, P. (2019). Viver em comunidade, experimentar com a escola: os Ashaninka do rio Amônia (Tese de doutorado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Collet, C. L. G. (2007). Escuela bakairi: disciplina, desarrollo y patriotismo. In S.M. García, & M. Paladino (ed). Educación escolar indígena. Investigaciones antropológicas en Brasil y Argentina (pp.147-162). Buenos Aires: Antropofagia.
Freire, P. (2005). Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Gow, P. (1991). Of Mixed Blood. Kinship and History in Peruvian Amazonia. Oxford: Clarendon.
Hvalkof, S., & Veber, H. (2005). Los Asheninka del Gran Pajonal. In F. Santos-Granero, & F. Barclay (ed.). Guía Etnográfica de la Alta Amazonía, v.5 (pp. 75-279). Balboa: Smithsonian Tropical Research Institute; Lima: Instituto Francés de Estudios Andinos.
Killick, E. (2005). Living Apart: separation and sociality amongst the Ashéninka of Peruvian Amazonia (Tese de doutorado). University of London, London.
Killick, E. (2008). Creating Community: Land Titling, Education and Settlement Formation amongst the Ashéninka of Peruvian Amazonia. Journal of Latin American and Caribbean Anthropology, 13(1), 22-47. https://doi.org/10.1111/j.1548-7180.2008.00003.x
Lenaerts, M. (2004). Anthropologie des Indiens Ashéninka d´Amazonie. Nos soeurs Manioc et l’étranger Jaguar. Paris: L’Harmattan.
Luciano, G. J. dos S. (2013). Educação para o manejo do mundo: entre a escola ideal e a escola real no Alto Rio Negro. Rio de Janeiro: Contracapa/Laced.
Mendes, M. K. (1991). Etnografia preliminar dos Ashaninka da Amazônia brasileira (Dissertação de mestrado). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
Monte, N. L. (2000). Os outros, quem somos? Formação de professores indígenas e identidades interculturais.
Cadernos de Pesquisa, 110, 7-29. https://doi.org/10.1590/S0100-15742000000300001
Monte, N. L. (2008). Cronistas em viagem e educação indígena. Belo Horizonte: Autêntica.
Pianta, I. da S. (2003). Autonomia, para a gente, é ter uma escola com nosso próprio pensamento. http://www.indiosonline.net/autonomia_para_a_gente_e_ter_uma_escola_/. Acesso em 16 nov.2020.
Pimenta, J. (2002). “Índio não é todo igual”: a construção ashaninka da história e da política interétnica (Tese de Doutorado). Departamento de Antropologia, Universidade Brasília, Brasília.
Pimenta, J. (2007). Indigenismo e ambientalismo na Amazônia ocidental: a propósito dos Ashaninka do rio Amônia. Revista de Antropologia, 50(2), 633-681. https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27274
Pimenta, J. (2011). “Parentes diferentes”: etnicidade e nacionalidade entre os Ashaninka na fronteira Brasil-Peru. Anuário Antropológico, 1, 91-119. https://doi.org/10.4000/aa.270
Pimenta, J. (2018). Amor rebelde: história, casamento e política no Alto Juruá. Mana, 24(2), 199-234. https://doi.org/10.1590/1678-49442018v24n2p199
Rival, L. (1997). Modernity and Politics of Identity in na Amazonian Society”. Bull. Latin Am. Res., 16(2), 137-151. https://doi.org/10.1111/j.1470-9856.1997.tb00047.x
Rojas, Z. E. (1997). Origen y clasificación de las plantas cultivadas en el pensamiento mítico asháninka. Anthropologica del Departamento de Ciencias Sociales, 15(15), 255-288. Disponível em: http://revistas.pucp.edu.pe/index.php/anthropologica/article/view/1219
Sarmiento Barletti, J. P. (2011). Kametsa Asaiki: the porsuit of the ‘good life’ in an Ashaninka village (Peruvian Amazonia) (Tese de doutorado). University of St. Andrews, St. Andrews.
Seeger, A., & Vogel, A. (1978). Kamparia: breve notícia etnográfica. In Relatório de Viagem no Alto Juruá, município de Cruzeiro do Sul, estado do Acre. Brasília: Fundação Nacional do Índio. Disponível em: https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/0MD00174.pdf
Tassinari, A. M. I. (2001). Escola Indígena: novos horizontes teóricos, novas fronteiras da educação. In A. Lopes da Silva, & M.K. Leal Ferreira (orgs.). Antropologia, História e Educação: a questão indígena e a escola (pp. 44-70). São Paulo: Global.
Tinoco, S. L. M. (2006). Ekolya et Karetajar: maître de l’école, maître de l’écriture. L’incorporation de l’écriture et de l’école par les amérindiens wayãpi de l’Amapari (Brésil) et de l’Oyapock (Guyane française) (Tese de doutorado). École des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris.
Tinoco, S. L. M. (2007). Cuando la antropología se encuentra com la educación: la escuela como objeto antropológico de investigación de campo. In S. M. García & M. Paladino (ed.). Educación escolar indígena. Investigaciones antropológicas en Brasil y Argentina (pp. 241-256). Buenos Aires: Antropofagia.
Van Velthem, L. H. (2002). “Feito por inimigos”. Os brancos e seus bens nas representações Wayana do contato. In B. Albert, & A. R. Ramos (ed). Pacificando o branco: cosmologias do contato no Norte-Amazônico (pp. 61-83). São Paulo: UNESP/ Imprensa Oficial do Estado.
Veber, H. (1992). Why Indians Wear Clothes: Managing Identity Across an Ethnic Boundary. Ethnos, 57(1-2), 51-60. https://doi.org/10.1080/00141844.1992.9981445
Veber, H. (2007). Memories, identity, and indigenous/national subjectivity in eastern Peru. Dialogos latino-americanos, 12, 80-102.
Weber, I. (2006). Um copo de cultura: os Huni Kuin (Kaxinawá) do rio Humaitá e a escola. Rio Branco: Edufac.
Weiss, G. (1974). Campa Organization. American Ethnologist, 1(2), 379-403. https://doi.org/10.1525/ae.1974.1.2.02a00110
Weiss, G. (2005). Los Campa Ribereños. In F. Santos-Granero, & F. Barclay. (ed). Guía Etnográfica de la Alta Amazonía, v.5 (pp. 1-7). Balboa: Smithsonian Tropical Research Institute; Lima: Instituto Francés de Estudios Andinos.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1 Autores mantém os direitos autorais com o trabalho publicado sob a Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0) que permite:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material.
De acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
Não Comercial — Você não pode usar o material para fins comerciais.
2 Autores têm autorização para distribuição, da versão do trabalho publicada nesta revista, em repositório institucional, temático, bases de dados e similares com reconhecimento da publicação inicial nesta revista;
3 Os trabalhos publicados nesta revista serão indexados em bases de dados, repositórios, portais, diretórios e outras fontes em que a revista está e vier a estar indexada.
