Com quantos medos se constrói uma bruxa? Misoginia e demonização da mulher no Brasil Colonial.
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v19i2.61722Palabras clave:
mulheres, feitiçaria, escravidão, inquisiçãoResumen
Durante um longo período da história, padres, administradores, filósofos médicos, juristas, escritores e artistas argumentavam em seus programas educacionais, nos seus escritos e registros que as mulheres possuíam uma natural inclinação para os comportamentos considerados criminosos e desviantes. Além disso, reforçavam sua inferioridade física e moral perante os homens, e, assim, defendiam, em suas respectivas áreas, a inferioridade estrutural do sexo feminino. Entre os séculos XV e XVIII, milhares de mulheres foram denunciadas, processadas e torturadas pelo crime de Bruxaria na Europa e também nos territórios colonizados por esse continente. Na América, mulheres negras e indígenas, escravizadas, tiveram suas práticas e ritos mágico-religiosos criminalizados e demonizados a partir de um projeto de poder racista e escravocrata, que os reduziu ao seu potencial para o mal. Este artigo resgata a história de duas mulheres, escravizadas, Joana e Custódia de Abreu, que teriam participado de encontros noturnos firmados por pactos diabólicos no Piauí colonial. Existem muitos relatos que comprovam como o uso da magia era constante no Brasil colonial, seja para resolver problemas práticos do dia a dia, seja para conquistar benesses materiais ou ainda como forma de resistência ao sistema escravista e à dominação portuguesa. O artigo analisa historicamente a segunda metade do século XVIII, mas os temas são totalmente atuais: demonização de práticas religiosas, pluralidade religiosa, escravidão, o ódio às mulheres, dentre outros.
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