Agentes Comunitários de Saúde: Transitando e atuando em diferentes racionalidades no rio Tapajós, Pará, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5380/cam.v10i2.20164Palavras-chave:
agente comunitário de saúde, antropologia da saúde, modelos terapêuticos, ribeirinhos, saúde públicaResumo
Analisar a atuação dos Agentes Comunitários de Saúde - ACS - em comunidades ribeirinhas do rio Tapajós, estado do Pará, Brasil, é o principal objetivo deste artigo. Esses agentes são considerados - por organismos internacionais, nacionais e estaduais - como elementos fundamentais na atenção primária à saúde por serem membros da comunidade onde atuam. Entretanto, nas suas atividades cotidianas, transitam no espaço fronteiriço entre o modelo terapêutico tradicional e o biomédico, e entre a racionalidade das políticas públicas em saúde e a lógica política local. Pretende-se compreender como os ACSs articulam tais esferas segundo orientações culturais, bem como as implicações da implementação e execução de políticas públicas em saúde direcionadas à população ribeirinha. O material etnográfico foi obtido durante pesquisa de campo realizada entre 2005 e 2007 nas comunidades ribeirinhas situadas no perímetro da Floresta Nacional do Tapajós e nas cidades de Santarém e Belterra.
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