Lévi-Strauss, Ciência e Renúncia
DOI:
https://doi.org/10.5380/cam.v9i2.15861Keywords:
Lévi-Strauss, ciência, estruturalismoAbstract
Claude Lévi-Strauss tem sido descrito durante decênios como o representante mais completo de uma antropologia modernista caracterizada pelo cientificismo, o formalismo imobilizador e o fascínio pelo modelo das ciências exatas, contrário à história e à dimensão subjetiva. Releituras recentes têm destacado na sua obra, sobretudo em Mitológicas, valores bem diferentes dos anteriores, sublinhando conceitos mais sofisticados de história, uma noção de estrutura cifrada na variação e na transformação, e uma resolução poética dos objetivos epistemológicos da antropologia. O artigo defende que, superando-se alguns erros de interpretação devidos a leituras superficiais, é possível reconhecer na obra desse autor os traços de ambos os retratos, e que os diferentes Lévi-Strauss que daí resultam não representam no essencial épocas diferentes de um projeto intelectual reformulado, senão a alternativa entre um saber científico por definição limitado e o universo, sempre muito mais amplo, do que não pode ser dito cientificamente. Esse par ciência/renúncia é, por sua vez, uma alternativa digna de atenção ao projeto hegemônico, ao mesmo tempo confuso e totalizador, das ciências humanas.
References
ALMEIDA, Mauro W. Barbosa. 2008. “A fórmula canônica do mito”. in Caixeta de Queiroz & Nobre. Lévi-Strauss Leituras Brasileiras. Belo Horizonte: Editora da UFMG, pp. 147-182.
CAIXETA DE QUEIROZ, Ruben & NOBRE Renarde. 2008. Lévi-Strauss Leituras Brasileiras Editora da UFMG.
CALAVIA SAEZ, Oscar. 2002. “A variação mítica como reflexão”. Revista de Antropologia. 45(1), 7-36. https://doi.org/10.1590/S0034-77012002000100001
CALAVIA SAEZ Oscar. 2004. Resenha de Mitológicas I e II de Claude Lévi-Strauss. Ilha. Revista de Antropologia. 6(1-2): 241-247 Florianópolis: Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social UFSC, 2005 https://doi.org/10.5380/cam.v6i0.4534
CALAVIA SAEZ, Oscar. 2005. “A terceira margem da história: estrutura e relato das sociedades indígenas”, Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo, v. 20, n. 57, pp. 39-51. https://doi.org/10.1590/S0102-69092005000100003
CHARBONNIER, Georges. 1989. Arte, linguagem, etnologia. Entrevistas com Claude Lévi-Strauss. Campinas: Papirus.
DERRIDA, Jacques. 1985. De la grammatologie. Paris : Éditions de Minuit.
DESVEAUX, Enmanuel. 2003. Quadratura americana: essai d’anthropologie Lévi-Straussienne. Geneva: Georg Editeur.
FARIA, Luis de Castro. 2001. Um outro olhar. Diário da expedição à Serra do Norte. Rio de Janeiro: Ed. Ouro Sobre Azul.
GEERTZ, Clifford. 1973 [1967]. “The cerebral savage.” In. The interpretation of cultures. New York: Basic Books p. 345-359
GEERTZ, Clifford. 2000. “Os usos da diversidade”. In: Nova luz sobre a antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
GEERTZ, Clifford. 2002. Obras e vidas: o antropólogo como autor. Rio de Janeiro: Editora. UFRJ.
GOLDMAN, Marcio. 2004. “Lévi-Strauss et les Sens de l’Histoire”. Les Temps Modernes, Paris, n. 628, pp. 98-114. https://doi.org/10.3917/ltm.628.0098
GOLDMAN, Marcio. 2008. “Lévi-Strauss, a Ciência e as Outras Coisas”. In. Ruben Caixeta de Queiroz; Renarde Freire Nobre. (Org.). Lévi-Strauss. Leituras Brasileiras. Belo Horizonte: Editora UFMG.
GOW, Peter. 2001. An Amazonian Myth and its History. Oxford: Oxford University Press.
JOHNSON, Christian. 2004. “Rien ne va plus. Claude Lévi-Strauss et l’histoire virtuelle”. Les Temps Modernes, 59: 58-74. https://doi.org/10.3917/ltm.628.0058
LEACH, Edmund. 1970. Lévi-Strauss. London: Fontana-Collins.
LÉVI-STRAUSS, Claude. 1962. “Histoire et dialectique”. in La Pensée Sauvage Paris: Plon.
LÉVI-STRAUSS, Claude. 1987. “De la fidélité au texte”, L´Homme 27:101, 117-140. https://doi.org/10.3406/hom.1987.368769
MANIGLIER, Patrice. 2000. «L’humanisme interminable de Claude Lévi-Strauss», Les temps modernes, 609, Juin-Août 2000: 216-241.
PEIXOTO, Fernanda. 1998. Lévi-Strauss no Brasil: a formação do etnólogo, Mana, 4 (1). https://doi.org/10.1590/S0104-93131998000100004
SPERBER, Dan (1974). Le Symbolisme aujourd’hui. Paris: Hermann.
TAYLOR, Anne-Christine. 2002. “Invariants et variabilités en anthropologie”. In. Jacques Lautrey, Bernard Mazoyer, Paul Van Geert. Invariants et variabilités dans les sciences cognitives. Paris: Éditions de la Maison des Sciences de l´Homme.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo B. 2001. A propriedade do conceito. XXV Encontro Anual da ANPOCS, ms.
Downloads
How to Cite
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
1 Authors retain copyright to work published under Creative Commons - Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0) which allows:
Share — copy and redistribute material in any medium or format
Adapt — remix, transform, and build upon material
In accordance with the following terms:
Attribution — You must give appropriate credit, provide a link to the license, and indicate if changes have been made. You must do so under any reasonable circumstances, but in no way that suggests that the licensor endorses you or your use.
Non-Commercial — You may not use the material for commercial purposes.
2 Authors are authorized to distribute the version of the work published in this journal, in institutional, thematic, databases and similar repository, with acknowledgment of the initial publication in this journal;
3 Works published in this journal will be indexed in databases, repositories, portals, directories and other sources in which the journal is and will be indexed.
