Um olhar antropológico para as classes médias angolanas ou aquilo que não nos livramos do colonialismo
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v24i1.86409Palavras-chave:
classe social, raça, corpo, pós-colonialismo, capitalismoResumo
A partir da experiência sensorial que Auerbach nos propõe ao decorrer da sua obra, intento, aqui, interpretar as realidades enfrentadas pelos seus interlocutores como fenômenos herdeiros da violência colonial portuguesa que teve lugar em território angolano. Desta forma, divido o presente ensaio em três seções. Na primeira parte, viso compreender como o tornar-se classe média em Angola é algo que reproduz em algum limiar as continuações do processo civilizador no mundo pós-colonial, especialmente ao pensar as técnicas de docilização dos corpos. Na sequência, o viver nas ruínas do colonialismo e no capitalismo selvagem, este último um termo caro para a autora, será o meu mote analítico. Por fim, exploro a necessidade de uma reflexão profunda e autocentrada dos nossos corpos em campo.
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