Corpos que ensinam, corpos que aprendem: um estudo sobre corporalidade do cuidado em Enfermagem

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/cra.v24i1.84203

Palavras-chave:

antropologia do corpo, enfermagem, cuidado, aprendizagem, técnicas

Resumo

O presente artigo objetiva compreender a relação entre a formação profissional em enfermagem
e o corpo, atentando para o modo como as práticas das(os) enfermeiras(os) integram um processo de aprendizado no qual o corpo é o elemento central. Para tal, realizamos uma etnografia com estudantes e professores da faculdade de enfermagem de uma universidade pública mineira. O estudo permitiu que compreendêssemos como a formação em enfermagem envolvia um processo de aquisição de posturas, gestos e movimentos específicos, cujo aprendizado se concretizava de modo efetivo através do engajamento prático das estudantes nos ambientes de cuidado e do constante treinamento das práticas características da profissão. As estudantes eram guiadas pelas professoras que, com corpos já dotados destas habilidades, eram as responsáveis pela condução e pela estruturação de um ambiente físico, guiando-os na atenção à postura e no controle dos gestos e movimentos.

Biografia do Autor

Bruna Motta, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro-RJ.

Doutoranda em Antropologia Cultural pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGSA/UFRJ), mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCSO/UFJF) e graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Alfenas. Possui experiência na área de Antropologia da Saúde, com interesse mais específico em temáticas ligadas ao corpo, emoções, profissionais da saúde, saber biomédico e cuidado.

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Publicado

2024-10-07

Como Citar

Motta, B. (2024). Corpos que ensinam, corpos que aprendem: um estudo sobre corporalidade do cuidado em Enfermagem. Campos - Revista De Antropologia, 24(1-2), 269–287. https://doi.org/10.5380/cra.v24i1.84203

Edição

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Artigos