Entre o Kalunga grande e o Kalunga pequeno: territórios invisíveis, imagens arquetípicas e artes da escuridão
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v23i1.82212Palavras-chave:
raça, ciência, Artes Visuais, kalunga, autodeterminaçãoResumo
O presente artigo busca compreender um recorte das artes visuais “afrobrasileiras” como categoria artística, baseada no estudo de obras de Josafá Neves, Dalton Paula, Rosana Paulino e Miguel dos Santos. Observando, em seus processos criativos, questões sobre a ciência do século XIX como criadora da categoria “raça”, demandas do cotidiano negro, o lugar do negro na sociedade brasileira e pensar como por vezes, a arte torna-se “afroindígena” por questões relacionais e condições sociais que dialogam com as artes visuas afro. Logo, pensar essa produção artística afro como narrativas de dor, políticas de negociação de espaços entre a arte canônica ocidental, predominante branca que representa uma classe e não a diversidade cultural. Deste modo, compreender o devir como a necessidade de vivenciar no mundo, fora do padrão que ainda se estabelece na estrutura racista da sociedade brasileira.
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