Etnografias em contextos pedagógicos: alteridades em jogo
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v22i1.80837Palavras-chave:
Etnografia escolar, Gênero, Sexualidade, Raça, ReligiãoResumo
Este texto almeja um debate sobre e, ao mesmo tempo, com o segundo conjunto de artigos do dossiê Etnografias em contextos pedagógicos, cujo foco dirige-se à problematização de diacríticos de alteridade nos ambientes formais de ensino. Situamos esse apanhado de manuscritos em um contexto de incremento no Brasil, a contar da primeira década de 2000, de estudos antropológicos hospedados em linhas de pesquisa a versar acerca dos marcadores sociais da diferença. Argumentamos que, não coincidentemente, esse crescimento incide sobre uma Antropologia da Educação contemporânea que toma as instituições de ensino, tensos e expressivos reservatórios de alteridade, enquanto universos de investigação. Instigadas pelas discussões que os artigos nos suscitam, exploramos duas temáticas que nos são caras enquanto frentes particulares de pesquisa – a Primavera Secundarista e a religiosidade nos espaços escolares –, por acreditar que ambas nos possibilitam evidenciar, empiricamente, a ambivalência entre subalternização e insurgência intrínseca à educação formal moderno-ocidental, oscilação em que as diferenças, historicamente, têm exercido papel crucial.
Referências
Almeida, H. B. de et al. (2018). Numas, 10 anos: um exercício de memória coletiva. In: G. S. R. Saggese et al. (org.). Marcadores sociais da diferença: gênero, sexualidade, raça e classe em perspectiva antropológica (pp. 9-30). São Paulo: Terceiro Nome, Editora Gramma.
Akotirene, C. (2018). O que é interseccionalidade? Belo Horizonte: Letramento.
Bakke, R. R. B. (2011). Na escola com os orixás: o ensino das religiões afro-brasileiras na aplicação da Lei 10.639. (Tese de Doutorado), Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade de São Paulo, São Paulo. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-31052012-160806/pt-br.php
Bazzo, J. (2020). Não tenho filhos. Posso ser aliada da maternidade? Catarinas, 10 maio. Disponível em: <https://catarinas.info/>. Acesso em: 18 mai. 2021.
Bazzo, J., & Scheliga, E. (2020). Etnografias em contextos pedagógicos: alteridades, agências e insurgências. Campos - Revista de Antropologia, 21(2), 11-27. http://dx.doi.org/10.5380/cra.v21i2.79672
Braga, J. R. M. (2021). “Se aqui é o inferno, eu sou a principal demônia!”: etnografando itinerários juvenis LGBT em contextos escolares de Fortaleza/CE. Campos – Revista de Antropologia, 22(1), pp.
Braga, L. G. (2008). Na lei e nas escolas: diferentes aspectos do ensino religioso no Estado do Rio de Janeiro. Debates do NER, 14, 69-87. https://doi.org/10.22456/1982-8136.7281
Butler, J. (2017). Quem tem medo de falar sobre gênero? TV Boitempo, 08 nov. Disponível em: <https://www.youtube.com/channel/UCzwfw0utuEVxc4D6ggXcqiQ>. Acesso em: 18 mai. 2021.
Campos, R. B. C.; Paiva Jr., G. S.; Silva, J. C. L. E.; Medeiros, S. G., & Cisneiros, Paula N. (2010). Pesquisando o invisível: percursos metodológicos de uma pesquisa sobre sociabilidade infantil e diversidade religiosa (2009). Teoria & Sociedade, 17, 148-175.
Campos, R. B. C., & Silva, J. C. L. E. (2011). Quando eu crescer, eu vou escolher a minha religião!? A reinvenção da religião dos brasileiros através do olhar infantil. Interseções, 13, 278-303. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/intersecoes/article/view/4616
Capai, E. (2019). Espero tua (re)volta. Brasil, documentário, 90 min.
Carneiro, S. de S. (2014). Ensino religioso no Rio de Janeiro: um bom caso para se pensar religião, direitos humanos e as relações entre Estado e Igreja. Comunicações do ISER, 69, 72-79. https://www.iser.org.br/publicacao/comunicacoes/69/
Carvalho, I. C. M., Medaets, C., & Mezié, N. (2019). “Uma aula assim muito forte”: aprendizagem, escola e ritual em tempos de ocupação. Psicologia Política, 19(45), 244-260. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpp/v19n45/v19n45a08.pdf
Crenshaw, K. (2002). Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, 10(1), 171-188. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2002000100011
Debert, G. G. (2010). A dissolução da vida adulta e a juventude como valor. Horizontes Antropológicos, 16(34), 49-70. https://doi.org/10.1590/S0104-71832010000200003
Dickie, M. A. S., & Lui, J. (2007). O ensino religioso e a interpretação da lei. Horizontes antropológicos, 13 (27), 237-252. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832007000100011
Diniz, D., Lionço, T., & Carrião, V. (2010). Laicidade e ensino religioso no Brasil. Brasília: UnB/Letras Livres.
Frigotto, G. (2001). A produtividade da escola improdutiva: um (re)exame das relações entre educação e estrutura econômico-social capitalista. 6 ed. São Paulo: Cortez.
Giumbelli, E. (2009a). Ensino Religioso em Escolas Públicas no Brasil: notas de pesquisa. Debates do NER, 14, 50-68. https://doi.org/10.22456/1982-8136.7280
Giumbelli, E. (2009b). O ensino religioso em sala de aula: observações a partir de escolas fluminenses. Antropolítica, 23, 35-55.
Giumbelli, E. (2011). A religião nos limites da simples educação: notas sobre livros didáticos e orientações curriculares de ensino religioso. Revista de Antropologia, 53, 39-78. https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27345
Giumbelli, E., & Carneiro, S. de S. (2004). Introdução. Comunicações do ISER, 60, 11-19. https://www.iser.org.br/publicacao/comunicacoes/60/
Giumbelli, E., & Carneiro, S. de S. (2006). Religião nas escolas públicas: questões nacionais e a situação no Rio de Janeiro. Revista Contemporânea de Educação, 2, 155-177. https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/1502
Guedes, S. L. (2014). Por uma abordagem etnográfica dos contextos pedagógicos. In: S. L. Guedes & T. A. Cipiniuk (org.). Abordagens etnográficas sobre educação: adentrando os muros das escolas (pp. 7-10). Niterói: Alternativa.
Knoblauch, A. (2015). Formação docente e religião. Ciências da Religião, 13, 65-89. http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cr/article/view/8888
Lima, A. O. (2021). Tristeza, disforia e bem-estar: perspectivas etnográficas sobre a escolarização das pessoas trans. Campos – Revista de Antropologia, 22(1).pp.
Lui, J. de A. (2007). Entre crentes e pagãos: ensino religioso em São Paulo. Cadernos de Pesquisa, 37(131), 333-349. https://doi.org/10.1590/S0100-15742007000200006
Mak, D. (2014) A presença da religião em ações docentes de uma escola pública de educação infantil. (Dissertação de Mestrado em Educação), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2014.
Maia, B. (2014). “Matéria de caderno”: jocosidade e evitação nas aulas de ensino religioso em uma escola pública. In: T. Cipiniuk & S. L. Guedes. (orgs.). Abordagens etnográficas sobre educação: adentrando os muros das escolas (pp. 163-183). Niterói: Editora Alternativa/FAPERJ.
Massignon, B. (2000). Laïcité et gestion de la diversité religieuse à l’école publique en France. Social Compass, 47(3), 353-366. https://doi.org/10.1177/003776800047003005
McKenzie, M. (2014). Black girl dangerous: on race, queerness, class and gender. Oakland: BGD Press.
Mello, A. G. de. (2019). Olhar, (não) ouvir, escrever: uma autoetnografia ciborgue (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
Miranda, A. P. M. (2015). "Motivo presumido: sentimento": identidade religiosa e estigmatização escolar no Rio de Janeiro. Dilemas, 1, 139-164. https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/7319
Miranda, A. P. M., & Maia, B. (2014). Ensinar religião ou falar de religião? controvérsias em escolas públicas do Rio de Janeiro. Revista Teias, 14, 80-97. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistateias/article/view/24385
Miskolci, R. (2021). Batalhas morais: política identitária na esfera pública técnico-midiatizadora. Belo Horizonte, São Paulo: Autêntica Editora.
Minarelli, M. N. (2020). Educação e religiosidade evangélica nos meios populares: expectativas das famílias sobre escolarização e educação moral. (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
Nascimento, R. N. F., & Figueiredo, M. P. M. de. (2021). Ações e reações da escola diante de masculinidades hegemônicas e não hegemônicas: um olhar antropológico. Campos – Revista de Antropologia, 22(1), pp
Oliveira, R. S. de, & Nascimento, L. A. (2021). “Pedagogia do evento”: o dia da consciência negra no contexto escolar. Campos – Revista de Antropologia, 22(1), pp
Pereira, A. B. (2017). Do controverso “chão da escola” às controvérsias da etnografia: aproximações entre antropologia e educação. Horizontes Antropológicos, 23(49), 149-176. https://doi.org/10.1590/s0104-71832017000300006
Profírio, A. (2021). É inclusão, com exclusão? Sobre os entrecruzamentos de gênero, raça e sexualidade no espaço escolar. Campos – Revista de Antropologia, 22(1), pp.
Ranquetat Jr., C. (2008). Educação e religião: o novo modelo de ensino religioso nas escolas públicas do Estado do Rio Grande do Sul. Debates do NER, 14, 111-133.
Rede Escola Pública e Universidade. (2019). Produção do conhecimento e a luta contra a barbárie na educação. In: F. Cássio (org.). Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar (pp. 193-198). São Paulo: Boitempo.
Rodrigues, E. (2015). Formação de professores para o ensino de religião nas escolas: dilemas e perspectivas. Ciências da Religião, 13, 19-46. http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cr/article/view/8886
Sallas, A. L. F. (2017). E a luta continua! #ocupatudo: potência e dilemas da ação política. Interseções, 19(2), 463-482. https://doi.org/10.12957/irei.2017.32021
Santos, A. B. dos. (2015). Confluências x Transfluências. In: Colonização, Quilombos: modos e significados (pp. 89-104). Brasília: INCTI, UnB, Programa INCT, CNPq, MCTI.
Santos, M. S. dos. (2016). Religião e demanda: o fenômeno religioso em escolas públicas. (Tese de Doutorado). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
Scheliga, E. L.; Knoblauch, A., & Belotti, K. K. (2020). Vínculos religiosos entre estudantes universitários: comparações entre licenciatura e bacharelado. Educar em revista, 36, e72695. https://doi.org/10.1590/0104-4060.72695
Silva, A. (2019). O que aprendi (e o que não aprendi) na escola. In: F. Cássio (org.). Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar (pp. 187-192). São Paulo: Boitempo.
Silva, J. G. da. (2021). Disputas por modos de reconhecimento em políticas afirmativas no Ensino Superior brasileiro. Campos – Revista de Antropologia, 22(1), pp.
Silva, L. F. da. (2019). Escola pública e pentecostalismos: distância territorial, dinâmica religiosa e sociabilidade no espaço escolar. (Tese de doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora.
Silva, M. E. (2011). Diversidade religiosa na escola pública: um olhar a partir das manifestações populares dos ciclos festivos. (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
Silva, M. E., & Campos, R. B. C. (2011). Ciclos festivos na escola pública e pluralismo religioso: conflitos e interações – um ensaio por uma abordagem teórico-metodológica do estudo da festa no espaço escolar. Revista FAEEBA, 20, 31-40.
Simões, J. A. (2018). A dinâmica do campo: temas, tendências e desafios. In: D. Simião & B. Feldman-Bianco (org.). O campo da antropologia no Brasil: retrospectiva, alcances e desafios (pp. 57-82). Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Antropologia.
Souza, A. J. B. de. (2016). “Tia, o que é religião?”. Religião, moral e corpo entre crianças na cidade mais evangélica do Brasil. (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
Strathern, M. (1980). No nature, no culture: the Hagen case. In: C. MacCormack & M. Strathern (eds). Nature, culture and gender (pp. 174 - 222). Cambridge: Cambridge University Press.
The Intercept. (2019). Os três pilares da ocupação – CPII. Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCNqzAD9EiECreuH6LA8IYeA. Acesso em: 18 mai. 2021.
Therborn, G. (2010). Os campos de extermínio da desigualdade. Novos Estudos, 87, 145-156. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-33002010000200009
Tosta, S. P., Silva, W. L da, & Costa, L. A. L. (2021). Religião e performances corporais: etnografia com alunos evangélicos da zona rural de uma escola pública de Minas Gerais. Campos – Revista de Antropologia, 22(1), pp.
Turner, V. (2008 [1974]). Dramas, campos e metáforas: ação simbólica na sociedade humana. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense.
United Nations Human Rights. (2017). Office of the High Commissioner. OL BRA 04/2017. Disponível em: http://www.ohchr.org. Acesso em: 13 abr. 2017.
Valente, G. (2015). A presença oculta da religiosidade na prática docente. (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Vaz, A. C., & Cezar, L. S. (2021). Tradição oral, construção de diálogo e conhecimento na comunidade Quilombola da Rasa. Campos – Revista de Antropologia, 22(1), pp.
Velho, O. (1997). Globalização: antropologia e religião. Mana, 3(1), 133-154. https://doi.org/10.1590/S0104-93131997000100005
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1 Autores mantém os direitos autorais com o trabalho publicado sob a Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0) que permite:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material.
De acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
Não Comercial — Você não pode usar o material para fins comerciais.
2 Autores têm autorização para distribuição, da versão do trabalho publicada nesta revista, em repositório institucional, temático, bases de dados e similares com reconhecimento da publicação inicial nesta revista;
3 Os trabalhos publicados nesta revista serão indexados em bases de dados, repositórios, portais, diretórios e outras fontes em que a revista está e vier a estar indexada.