É inclusão, com exclusão? Sobre os entrecruzamentos de gênero, raça e sexualidade no espaço escolar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/cra.v22i1.73221

Palavras-chave:

Gênero, Sexualidade, Racialização, Religião, Escola

Resumo

Este trabalho busca apresentar as potencialidades, limites e contradições envolvidas na construção de uma instituição escolar inclusiva em termos de gênero e sexualidade na cidade de Maceió-AL. Este artigo deriva de uma pesquisa etnográfica sobre os processos de inclusão e exclusão no espaço escolar, a partir dos entrecruzamentos dos marcadores sociais de gênero, sexualidade, raça, classe e religião. A instituição que será aqui descrita era denominada “inclusiva” e “diversa” por estudantes lésbicas, gays, travestis e transexuais devido à proposta da direção escolar de combate à homofobia. O investimento da gestão escolar não era na desconstrução dos preconceitos existentes entre estudantes e o corpo docente, mas o silenciamento de tais discursos no espaço público. Apesar de seu caráter contraditório era inegável que estas/es jovens estavam usufruindo de um espaço escolar mais democrático. O mesmo não pode ser dito sobre os jovens rapazes negros, vistos sob o signo da “ameaça” por alguns profissionais da instituição e entre as/os estudantes. 

Biografia do Autor

Ana Luiza Profírio, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, Alagoas.

Ana Profírio é Mestra em Antropologia Social pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e Professora de Sociologia pela Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (SEDUC-AL).

Referências

Bourdieu, P., & Passeron, J-C. (2010). A Reprodução. Elementos para uma Teoria do Sistema de Ensino. Petrópolis: Vozes.

Butler, J. (2014). Regulações de gênero. Cadernos Pagu 42, 249-274. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0104-8333201400420249.

Collins, P. H. (2019). Pensamento Feminista Negro. São Paulo: Boitempo.

Crenshaw, K. (2002). “Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero”. Rev. Estud. Fem. 10(1), 171-188. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-026X2002000100011.

Daniel, C. (2019). “Morena: A epistemologia feminista negra contra o racismo no trabalho de campo”. Humanidades e Inovação 6(16), 23-34. Recuperado de https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/1825.

Dias, K. L. (2012) Travestis e Transexuais Brasileiras. Recuperado de: https://www.facebook.com/TRAVESTISeTRANSEXUAISbrasileiras.

Guimarães, A. S. A. (2008). Raça, cor e outros conceitos analíticos. In: PINHO, Osmundo Araújo; SANSONE, Livio (org.). Raça: Novas perspectivas antropológicas. (pp. 63-82). Salvador: UFBA.

Gusmão, N. M. (1997). “Antropologia e Educação: origens de um diálogo”. Cad. CEDES 18(43), 8-25. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0101-32621997000200002

Kilomba, G. (2019). Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó.

Medeiros, F. (2018). Adversidades e lugares de fala na produção do conhecimento etnográfico com policiais civis. Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 26(1), 327-347. Recuperado de https://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/142130.

Mizraki, M. (2019). “As políticas dos cabelos negros, entre mulheres: estética, relacionalidade e dissidência no Rio de Janeiro”. Mana 25(2), 457-488. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1678-49442019v25n2p457

Natividade, M., & Oliveira, L de. (2013). As novas guerras sexuais: diferença, poder religioso e identidades LGBT no Brasil. Rio de Janeiro: Garamond.

Nogueira, O. (2007). “Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem: sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil”. Tempo soc. 9(1), 287-308. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-20702007000100015

Norwood, K. J. (2015) "If You Is White, You’s Alright. . . .” Stories About Colorism in America. Global Studies Law Review, v. 14, 584-607. Recuperado de: https://openscholarship.wustl.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1547&context=law_globalstudies.

Pereira, A. B. (2016). A maior zoeira: experiências juvenis na periferia de São Paulo. São Paulo: Unifesp.

Pinho, O. (2014). Um enigma masculino: Interrogando a masculinidade da desigualdade racial no Brasil. Universitas Humanística 77, 227-250. https://revistas.javeriana.edu.co/index.

php/univhumanistica/article/view/5945

Pontes, L. L. (2017). “Posso tocar no seu cabelo? Entre o “liso” e o “crespo”: Transição Capilar, uma (re) construção identitária?” (Dissertação de Mestrado). Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Profírio, A. L. G. (2019). Corpos como campos de batalha: uma etnografia sobre entercruzamentos de gênero, raça e sexualidade no espaço escolar em Maceió. (Dissertaçãode de Mestrado). Instituto de Ciências Sociais, Universidade Federal de Alagoas, Maceió.

Rocha, N. G. da. (2016). “Crespos: o cabelo como ícone da identidade negra. Memória e estética, a circulação de ideias e valores na realidade brasileira”. REVISTA NEP 1, 86-92. doi: http://dx.doi.org/10.5380/nep.v2i1.45435

Sampaio, F. S. (2015). “O terceiro banheiro: fuga da “pedagogia do insulto” e/ou reforço da heteronormatividade”. Periódicus 3(1), 131-151. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaperiodicus/article/view/14259/9861

Santos, A. P. M. T. dos. (2017) Tranças, Turbantes E Empoderamento De Mulheres Negras: Artefatos De Moda Como Tecnologias De Gênero E Raça No Evento Afro Chic. (Dissertação de Mestrado). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba.

Seffner, F. (2013). “Sigam-me os bons: apuros e aflições nos enfrentamentos ao regime da heteronormatividade no espaço escolar”. Educação e Pesquisa 39(1), 145-159. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022013000100010

Simões, J. A.; França, I., & Macedo, M. (2010). “Jeitos de corpo: cor/raça, gênero, sexualidade e sociabilidade juvenil no centro de São Paulo”. Cad. Pagu 35, 37-78. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332010000200003

Vergueiro, V. (2015). Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. (Dissertação de Mestrado). Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

Downloads

Publicado

2021-06-30

Como Citar

Profírio, A. L. (2021). É inclusão, com exclusão? Sobre os entrecruzamentos de gênero, raça e sexualidade no espaço escolar. Campos - Revista De Antropologia, 22(1), 92–110. https://doi.org/10.5380/cra.v22i1.73221

Edição

Seção

Dossiê