Cavaleiros em Tempos de Glória: uma análise etnográfica da história do vaqueiro do Nordeste
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v20i2.69299Palavras-chave:
Memória, Sertão, Vaqueiro, História, Pernambuco.Resumo
Neste artigo, desenvolvo algumas questões abordadas na minha dissertação de mestrado sobre os vaqueiros do município de Floresta, sertão de Itaparica – PE. A partir delas, pretendo analisar como os meus interlocutores se deparam frequentemente com um dilema. Em Floresta, muitos de seus habitantes avaliam e questionam o futuro de vaqueiros de verdade – cavaleiros hábeis na arte de capturar o gado selvagem na caatinga –, ao passo em que imagens, discursos e práticas de vaqueiros de hoje ganham força e vitalidade em missas, festas e vaquejadas, onde são celebrados o prestígio de homens do passado, os seus maiores feitos e suas memórias, contribuindo aliás para novas possibilidades de ser vaqueiro. Por essa razão, examino como as narrativas locais e a literatura nacional constroem uma estabilização imagética e conceitual do passado, articulando temporalidades e espacialidades em que o vaqueiro nordestino se expressa de maneira simultaneamente histórica e contemporânea.
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