Roy Wagner e a fractalidade: considerações sobre o gesto êmico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/campos.v15i1.41168

Palavras-chave:

Roy Wagner, fractalidade, nomeação, gesto êmico

Resumo

Com base em uma leitura detida de “A pessoa fractal”, de Roy Wagner, pretende-se pensar a questão da nomeação da diferença e sua vinculação ao gesto êmico na antropologia. A partir da proposta de fractalidade wagneriana, coloca-se em pauta uma questão de ordem filosófico-metodológica: como fundamentar a ideia de uma conceitualização nativa circunscrita por um nome? Para enfrentá-la, o texto a seguir acompanha o tratamento dado por Wagner à nomeação, à moeda e à liderança melanésias e argumenta que para aceitar o suposto da instanciação e retenção de escala fractal seria preciso abrir mão da diferença no interior da diferença.

Biografia do Autor

Iracema Dulley, London School of Economics Centro Brasileiro de Análise e Planejamento

Doutora em antropologia social pela Universidade de São Paulo (2013) com estágio sanduíche na Universidade de Columbia (2010-2011), mestre em antropologia social pela Universidade Estadual de Campinas (2008) e bacharel em filosofia pela Universidade de São Paulo (2004). Atualmente realiza pós-doutorado na London School of Economics sobre práticas de nomeação no Planalto Central angolano. É pesquisadora do Cebrap. Suas principais áreas de atuação são teoria antropológica e antropologia da África, com interesses específicos por etnografia, colonialismo, práticas de nomeação, bruxaria e feitiçaria, biografia, tradução, missões, ritual e Angola. 

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Como Citar

Dulley, I. (2014). Roy Wagner e a fractalidade: considerações sobre o gesto êmico. Campos - Revista De Antropologia, 15(1), 11–36. https://doi.org/10.5380/campos.v15i1.41168

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