Desinformação e mensagens sobre a hidroxicloroquina no Twitter: da pressão política à disputa científica

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5380/atoz.v9i2.75929

Palabras clave:

Desinformação, Desinformação científica, Coronavirus, Hidroxicloroquina, Twitter.

Resumen

Introdução: A pandemia do novo coronavirus trouxe consigo um forte aliado responsável por tornar cada vez mais difícil o enfrentamento da doença, a desinformação científica. Opiniões negacionistas, teorias conspiratórias, oportunismo político são alguns exemplos de uso malicioso por trás da disseminação de informação sobre o vírus, seus efeitos, formas de tratamento e prevenção. Método: por meio de um estudo infodemiológico a pesquisa analisa o compartilhamento de informações no Twitter sobre a hidroxicloroquina, o medicamento que tem ganhado destaque quando se fala de um possível tratamento farmacológico da doença. Os dados foram coletados via Netlytic por meio do monitoramento da hashtag #hidroxicloroquinaja entre os dias 11 a 30 de maio e são analisados a partir da análise da rede de interação em torno do compartilhamento, compreensão dos termos frequentes e categorização das postagens. Resultados: Foram analisados 3.714 tweets e identificados 2.089 usuários, dos quais apenas 678 (32,4%) mantiveram algum tipo de conexão com outros usuários na rede. Os termos frequentes e sua distribuição indicam que a questão é protagonizada mais por aspectos políticos do que de saúde, com maior concentração de mensagens em poucos usuários e um grande número responsável por sua viralização. As categorias mais comuns foram “Ataque a agentes políticos” e “Descrença nas instituições epistêmicas”. Conclusão: No contexto estudado percebe-se que os valores da própria cultura científica, como reconhecimento e autoridade, vão ganhando novas camadas informacionais em disputa política em um momento no qual as instituições epistêmicas estão em declínio.

Biografía del autor/a

Ronaldo Ferreira Araujo, Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Laboratório de Estudos Métricos da Informação na Web (Lab-iMetrics). Curso de Biblioteconomia (CB). Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA). Universidade Federal de Alagoas (UFAL). PPGCI/UFAL.

 

 

 

Thaiane Moreira de Oliveira, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e professora permanente do programa de Pós-graduação em Comunicação pela mesma instituição. Coordenadora do "Laboratório de Investigação em Ciência, Inovação, Tecnologia e Educação (Cite-Lab)". É membro pesquisadora do INCT em Administração de Conflitos (Ineac), da Cátedra Unesco de Políticas Linguísticas para o Multilinguismo e coordenadora do Fórum de Comunicação Científica da UFF. Editora-chefe da Revista Contracampo (PPGCOM/UFF) e da Revista E-compós da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação. Organizadora da Conferência LATmetrics: métricas Alternativas e Ciência Aberta na América Latina. Tem pesquisado desinformação relacionada à ciência, disputas globais, políticas e epistêmicas sobre a informação científica e os processos interacionais na produção do conhecimento, a partir de uma perspectiva voltada desenvolvimento estratégico da comunicação e tecnológico para enfrentamento à desinformação, com foco em administração de conflitos informacionais. Seus atuais interesses de pesquisa são: desinformação relacionada à ciência, disputas sobre a informação científica, educação científica e circulação e políticas de avaliação da produção de conhecimento.

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Publicado

2020-12-08

Cómo citar

Araujo, R. F., & Oliveira, T. M. de. (2020). Desinformação e mensagens sobre a hidroxicloroquina no Twitter: da pressão política à disputa científica. AtoZ: Novas práticas Em informação E Conhecimento, 9(2), 196–205. https://doi.org/10.5380/atoz.v9i2.75929

Número

Sección

Dossier temático - Prácticas informativas Interdisciplinar en el texto de Coronavirus (COVID-19): Artículos