Open Journal Systems

Da defesa e segurança à destreza e a eficiência: Schützenverein Blumenau e a emergência uma cultura física em Blumenau (1859-1910)

Heitor Luiz Furtado, Evelise Amgarten Quitzau, Marcelo Moraes e Silva

Resumo


O presente artigo tem como objetivo compreender o papel das sociedades de tiro na emergência de uma cultura física na cidade de Blumenau. As fontes utilizadas foram o jornal Blumenauer Zeitung, além de imagens, estatutos e atas da Schützenverein Blumenau. As análises evidenciam que a instituição ocupou lugar de destaque na difusão dos elementos da cultura física por meio de diferentes atividades como práticas de tiro, bailes e desfiles, além de indicar que as competições de tiro favoreceram modelos mais sutis de educação do corpo. Em relação a essa maior perícia acrescentava-se a elegância, o porte, o respeito às regras do decoro, caminhando cada vez mais da defesa e segurança para uma maior eficiência e habilidade no uso das armas de fogo. Assim a Schützenverein Blumenaucontribui de forma decisiva para a emergência de uma cultura física entre os habitantes de Blumenau.


Palavras-chave


Imigração. Sociedade de Tiro. Cultura Física.

Texto completo:

PDF

Referências


ASSMANN, A. B.; MAZO, J. Z. (2012). As Schützenvereine – Sociedades de Atiradores – de Santa Cruz do Sul: um tiro certo na história do esporte no Rio Grande do Sul. Esporte e Sociedade, ano 7, n. 20, p.122-153. 2012.

ASSMANN, A. B.; MAZO, J. Z. (2017). Configurações de identidades étnicas em associações esportivas: práticas e representações culturais. Movimento, v. 23, n. 2., p.503-516. 2017.

BARRETO. (1968). Imprudência ou Destino (1906). Blumenau em Cadernos, Tomo IV, n.4, p. 64.

BASTIDE, R. (1959). Terra de contrastes. São Paulo: Difusão Européia do Livro.

BLUMENAUER ZEITUNG, 20 mai. 1882, s.p.

BLUMENAUER ZEITUNG, 25 ago. 1883, s.p.

BLUMENAUER ZEITUNG, 20 dez. 1885, s.p.

BLUMENAUER ZEITUNG, 18 mai. 1896, s.p.

FERREIRA DA SILVA, J. (1977). A imprensa em Blumenau. Governo do Estado de Santa Catarina.

FURTADO, H. L.; QUITZAU, E. A.; MORAES E SILVA, M. (2018). Blumenau e seus imigrantes: apontamentos acerca da emergência de uma cultura física (1850-1899). Movimento, v. 24, n. 2, p.665-676.

FURTADO, H. L.; QUITZAU, E. A.; MORAES E SILVA, M. (2021). Entre rencontres et festivités: les clubs de tir et la mise en ouvre d'une culture physique à Blumenanu/Brésil. In: LOUDCHER, Jean François; SUCHET, André; SOULIER, Pauline. (eds.). Héritages sportifs et dynamiques patrimoniales. Bordeaux: Presses Universitaires de la Méditerranée, v. 1, p. 387-405.

FURTADO, H. L.; QUITZAU, E. A.; MORAES E SILVA, M. (2022). A emergência das práticas esportivas na cidade de Blumenau-SC (1910-1920): um olhar sobre o futebol e o remo. Motrivivência, v. 34, n.65, p.01-20.

HOFMANN, A. R. (2002). Transformation and Americanization: the American Turners and their new identity. The International Journal of the History of Sport, v. 19, n. 1, p. 91-118.

HOFMANN, A. R.; KRÜGER, M. (2021). Origin and Global Spread of the German Form of Physical Culture: Gymnastics and Turnen. In: The Palgrave Handbook of Globalization and Sport. Palgrave Macmillan, London. p. 407-431.

HOFFMANN, M. L.; MELO, M. (2014). O uso da fotografia na preservação da história dos clubes de caça e tiro de Blumenau. Linguagens - Revista de Letras, Artes e Comunicação. Blumenau, v. 8, n. 2, p.168-184.

HUMMEL, R. L.; FOSTER, G. S. (1998). Germanic/ American shooting societies: continuity and change of schuetzenvereins, The International Journal of the History of Sport, 15:2, 186-193.

IBGE. (2020). Dados populacionais por cidade. Disponível: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/blumenau/panorama. Brasília. 2020. Acesso em: 22 jun. 2021.

KIRK, D. (1999). Physical culture, Physical education and relational analysis. Sport, education and society, v. 4, n. 1 p.63-73.

KOPELOVICH, P.; LEVORATTI, A. (2022). Notas sobre la idea de “cultura física” en la Argentina durante la primera mitad del siglo XX. Recorde: Revista de História do Esporte, v. 15, n. 1.

LOUDCHER, J-F. (2020). Processo civilizador e transformações sociais: uma análise das teorias elisianas em relação às ciências sociais do esporte. História: Questões & Debates, v. 68, n. 2, p.14-36.

MAGALHÃES, M B. (1998). Pangermanismo e Nazismo: a trajetória alemã rumo ao Brasil. Campinas: Editora da Unicamp.

MEDEIROS, D. C. C; QUITZAU, E. A.; MORAES E SILVA, M. (2020). A travessia de São Paulo a nado (1924-1944) e o processo de esportivização aquática paulistana. História: Questões & Debates, v. 68, n. 2, p. 77-95.

MORAES E SILVA, M. QUITZAU, E. A. (2018). A cultura física na cidade de Curitiba: a emergência de uma pedagogia corporal (1899-1909). Revista Ciencias Sociales, v. 27, n. 40. p.275-296.

MORAES E SILVA, M. QUITZAU, E. A.; SOARES, C. L. (2018). Práticas educativas e de divertimento junto à natureza: a cultura física em Curitiba (1886-1914). Educação em Pesquisa, v. 44, e178293.

PEDRINI, D. M.; MARTINS, A. P. (2004). As relações entre mulheres e homens no associativismo civil em Blumenau. In: SHERER-WARREN, I.; CHAVES, I. (orgs.) Associativismo civil em Santa Catarina: trajetórias e tendências. Florianópolis: Insular.

PETRY, S. (1988). Os clubes de caça e tiro na região de Blumenau: 1859- 1981. Blumenau: Fundação Casa Dr. Blumenau.

NIPPERDEY, T. (1972). Verein als soziale Struktur im späten 18. und frühen 19. Jahrhundert. In: BOOCKMAN, H. et al Geschichtswissenschaft und Vereinswesen im 19. Jahrhundert. Beiträge zur Geschichte historischer Forschung in Deutschland. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, p.1-44.

ROSSBACH, R. F. (2008). A música em Blumenau no início da colonização alemã (1863-1937). Dissertação (Mestrado em Música. Programa de Pós-graduação em Música, UDESC.

REGGIANI, A. H. (2016). Cultura física, performance atlética e higiene de la nación. El surgimiento de la medicina deportiva en Argentina (1930-1940). História Crítica, n. 61, p.65-84.

SCHARAGRODSKY, P. A. (2014). Introducción. Miradas médicas sobre la cultura física‟ en Argentina (1880-1970). Buenos Aires: Editorial Prometeo, p.9-12.

SEYFERTH, G. (1990). Imigração e cultura no Brasil. Brasília: Editora UnB.

SEYFERTH, G. (1994). A identidade teuto-brasileira numa perspectiva histórica. In: MAUCH, C.; VASCONCELOS, N. (orgs), Os Alemães no sul do Brasil: cultura, etnicidade, história. Canoas: Ed. ULBRA

SEYFERTH, G. (1999). As associações recreativas nas regiões de colonização alemã no sul do Brasil: Kultur e etnicidade. Revista Travessia, n°34.

SEYFERTH, G. (2004). A ideia de cultura teuto-brasileira: literatura, identidade e os significados da etnicidade. Horizontes Antropológicos, v. 22, p.149-197.

SEYFERTH, G. (2011). A dimensão cultural da imigração. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 26, n. 77, p. 47-62.

SOARES, C. L. (2014). Educação do corpo. In: GONZÁLEZ, F J.; FENSTERSEIFER, P. E. (Orgs.). Dicionário crítico de educação física. Ijuí: Unijuí. p.219-225.

SOARES JUNIOR. A. S. (2015). Physicamente vigorosos: medicalização escolar e modelação dos corpos na Paraíba (1913-1942). 2015. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual da Paraíba – UEPB. João Pessoa.

STINGELIN, B. (2010). Uma Taba para todos: 150 anos do Tabajara Tênis Clube de Blumenau. Blumenau: Nova Letra Gráfica e Editora.

VIGARELLO, G. (2008a). Exercitar-se, jogar. In: VIGARELLO, G.; CORBIN, A.; COURTINE J-J. História do Corpo: da Renascença às Luzes. São Paulo: Vozes, v.1, p. 303-399.

VIGARELLO, G. (2008b). Higiene do corpo e trabalho das aparências. In: VIGARELLO, G.; CORBIN, A.; COURTINE J-J.). História do corpo: da revolução a grande guerra. Petrópolis: Vozes, v. 2. p.375-392.

VIGARELLO, G. (2018). Le corps redressé: histoire d’un pouvoir pédagogique. Paris: Félin.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/jlasss.v14i2.87906

Apontamentos

  • Não há apontamentos.