A disputa entre cosmopolitas e nacionalistas em tempos de justiça anormal: uma defesa do cosmopolitismo a partir de Martha Nussbaum
DOI:
https://doi.org/10.5380/rfdufpr.v62i3.52235Palavras-chave:
Cosmopolitismo. Fronteiras. Humanidade. Justiça. Patriotismo.Resumo
Em tempos de justiça anormal, a gramática da justiça, capaz de inspirar reivindicações por melhores condições de vida em todo o mundo, apresenta condições igualmente anormais, em que pressuposições até então partilhadas passam a sofrer questionamentos. Neste contexto, o presente artigo parte do diagnóstico apresentado por Nancy Fraser, sobre a anormalidade do contexto atual da justiça, para refletir sobre os desafios representados pela (re)definição dos limites de inclusão/exclusão de seres humanos nesta esfera, ou seja, ao quem da justiça, apresentando como resposta teórica normativa o cosmopolitismo, tal como desenvolvido por Martha Nussbaum, no bojo de seu liberalismo igualitário das capacidades. Nesta perspectiva teórica, o cosmopolitismo se constitui como uma postura moral segundo a qual a principal lealdade moral de uma comunidade deve ser para com o ser comum da humanidade. Independente de quaisquer espécies de diferenciações moralmente irrelevantes deve-se respeitar o valor igual de todos os membros da comunidade humana, configurando-se uma proposta ético-moral a ser implementada por meio de um projeto de educação humanista e cosmopolita.
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