ANESTESIA DO EQUINO COM SINDROME DE CÓLICA: RELATO DE CASOS DE PROCEDIMENTOS ANESTÉSICOS EM CAVALOS COM CÓLICA NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ENTRE 2018 E 2020
DOI:
https://doi.org/10.5380/avs.v15i5.77131Palavras-chave:
analgesia, anestesia multimodal, bloqueio locorregional, inalatóriaResumo
A síndrome de cólica equina é caracterizada pela manifestação de dor abdominal, sendo uma das causas de óbito mais comuns na espécie. Diversas causas podem ocasionar esta síndrome, sendo que nos casos cirúrgicos a mortalidade chega a 31% (LARANJEIRA et al., 2008). Além das manifestações intensas de dor, os equinos podem apresentar distúrbios eletrolíticos, disfunção orgânica e comprometimento grave da função cardiopulmonar. A indução, manutenção e recuperação anestésica são momentos críticos da anestesia do equino com cólica, já que a mortalidade durante esses momentos é considerada alta (GUEDES e NATALI, 2002). A escolha do protocolo anestésico deve ser feita de forma cautelosa afim de produzir uma anestesia segura que minimize as alterações fisiológicas pré-existentes. O objetivo desse trabalho foi avaliar 13 procedimentos anestésicos realizados no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná entre 2018 e 2020 em equinos submetidos a laparotomia exploratória para correção de cólica e sua repercussão no requerimento anestésico. A medicação pré-anestésica foi realizada em todos os casos com Xilazina (0,2 a 0,5 mg/kg), a indução em 92% dos casos com Etér-gliceril-guaicacol (25 mg/kg), Midazolam (0,05 mg/kg) e Cetamina (2,2 mg/kg), em 8% dos casos com apenas Midazolam (0,05 mg/kg) e Cetamina (2,2 mg/kg), a manutenção foi realizada em 47% dos casos com anestesia intravenosa parcial e 53% com anestesia inalatória. Os analgésicos intravenosos utilizados durante o período transoperatório foram lidocaína, cetamina, dexmedetomina e detomidina com frequência de 38%, 30%, 61% e 7% dos casos respectivamente. Em 38% dos procedimentos foi realizada a infusão combinada de analgésicos pela via intravenosa enquanto em 62% foi realizada a infusão de um analgésico intravenoso de forma isolada. Em todos os pacientes foi realizado o bloqueio do plano transverso do abdômen (TAP-block) por abordagem subcostal, bilateralmente, com bupivacaína a 5%, 30 mL/ponto, com dois pontos de injeção por hemiabdome. A complicação mais comumente identificada foi a hipotensão, ocorrendo em 77% dos procedimentos, sendo corrigida com a infusão de dobutamina. Tal fato pode ser consequência da utilização de anestésicos halogenados, especificamente o isoflurano, que possui capacidade vasodilatadora e pela complexidade do quadro do paciente. O requerimento anestésico variou de 0,8 ± 0,3 CAM. O baixo requerimento anestésico pode ser explicado pela utilização de um protocolo de anestesia multimodal. A anestesia multimodal pode diminuir o requerimento anestésico, ocasionar menor instabilidade hemodinâmica imposta por fármacos e promover uma analgesia adequada. O bloqueio locorregional parece ser uma alternativa analgésica promissora já que pode promover analgesia com mínimo comprometimento cardiorrespiratório e reduzir o requerimento anestésico. Além de um protocolo anestésico escolhido respeitando as necessidades fisiológicas do paciente a monitoração anestésica é essencial durante o procedimento para garantir uma boa analgesia e plano anestésico adequado.
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