RELATO DE CASO: CESARIANA EM PORCA COM PROLAPSO DE VAGINA E TORÇÃO UTERINA
DOI:
https://doi.org/10.5380/avs.v15i5.76679Palavras-chave:
medicina veterinária, cirurgia, reprodução.Resumo
A incidência de prolapso de vagina em porcas é baixa e sua predisposição pode estar associada ao processo do parto (Supakorn et al., 2017), enquanto a torção uterina é rara e pode acarretar morte fetal (Prestes, 2017). O relato é de uma porca, matriz primípara, com parto previsto, porém não ocorrido. O proprietário observou prolapso da vagina, tentou desfazê-lo para retirada dos leitões e não obteve sucesso. No momento do atendimento pelo Médico Veterinário, o animal encontrava-se em posição quadrupedal e evidente prolapso de vagina. Na palpação transvaginal havia abertura de cérvix até certo ponto, suspeitando-se de torção uterina. Optou-se por cirurgia cesariana de emergência visando salvar a vida dos leitões. Foi realizada anestesia geral com tiletamina e zolazepam (0,24 mL/kg) intravenosa. Em decúbito lateral direito, após depilação e antissepsia, foi realizada anestesia local utilizando cloridrato de lidocaína (7 mg/kg) na fossa paralombar esquerda, onde incisou-se a pele e musculatura de flanco esquerdo. O corno uterino esquerdo foi exposto e incisado, retirando seis leitões com vida. A sutura da incisão foi realizada em padrão ponto simples contínuo (PIS) e cushing sobrepondo. Repetiram-se os procedimentos no corno uterino direito retirando um leitão vivo e um feto mumificado. O colo do útero encontrava-se edemaciado e torcido cranial à cérvix, com rotação de 90 graus no sentido anti-horário, impedindo o parto. Desfez-se a torção uterina e reposicionou-se o útero, fechou-se a cavidade abdominal e o prolapso de vagina foi higienizado e reduzido. No pós-cirúrgico foram administrados enrofloxacina e piroxicam por via intramuscular (1mL/10kg). Recomendou-se ao proprietário administrar tulatromicina (1mL/40kg) no dia seguinte, realizar a limpeza da ferida cirúrgica até seu fechamento e o descarte da matriz da função reprodutiva. Aplicou-se pó secante nos leitões e estes mamaram o colostro. A porca recuperou-se totalmente. Além da influencia dos hormônios associados ao parto (Supakorn et al., 2017), acredita-se que o prolapso de vagina foi consequência da torção uterina e do esforço sem sucesso da marrã no momento do parto. A torção uterina poderia ser consequência da assimetria dos cornos uterinos nesta gestação, pois um corno possuía seis e outros dois leitões em gestação. Como não havia sinais de necrose nos cornos uterinos, sugere-se que a torção era recente, o que condiz com Prestes (2017), que descreve que a torção uterina tende a ocorrer ao final da gestação. O diagnóstico definitivo para esta afecção em suínos é por laparotomia exploratória (Prestes, 2017), como no caso relatado. A anestesia geral utilizada foi eficiente, apesar do não cumprimento do período de jejum recomendado por se tratar de uma cirurgia emergencial. O tratamento ideal para o prolapso de vagina seria a sutura de Bühner (Supakorn et al., 2017), mas esta não foi realizada com receio de impedir a expulsão dos envoltórios fetais. A antibioticoterapia no pós-cirúrgico foi realizada para evitar uma infecção subsequente. Conclui-se que prolapso de vagina e torção uterina são afecções que podem ocorrer em porcas e que os procedimentos anestésicos e cirúrgico foram eficientes para salvas a vida dos leitões e marrã.
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