Open Journal Systems

AVALIAÇÃO DE LESÃO MUSCULAR SECUNDÁRIA AO DECÚBITO EM VACAS LEITEIRAS COM HIPOCALCEMIA

Felipe Eduardo Dal Más, Gustavo Luis Dal Más, William Rodrigues, Marilene Machado Silva

Abstract


A hipocalcemia é resultado da incapacidade de atender ao aumento súbito da demanda de cálcio para a produção de colostro e leite, levando a vaca ao decúbito permanente, que pode causar lesão muscular, principalmente pela isquemia, agravando o quadro clínico (ANGELOS; SMITH, 2015). Assim, avaliar enzimas como creatina quinase (CK) e aspartato aminotransferase (AST) é importante para determinar a gravidade da lesão muscular, sendo o objetivo deste trabalho mensurar a atividade sérica das enzimas CK e AST de vacas em decúbito por hipocalcemia. Foram avaliadas 15 vacas com hipocalcemia, com cálcio sérico ˂5,5mg/dL, decúbito persistente e reposta positiva ao tratamento com cálcio intravenoso. O decúbito foi classificado como esternal ou lateral, e teve duração menor que 16h para todas as vacas. O grupo controle foi constituído por 20 vacas sadias com até 30 dias pós-parto. Foi coletado sangue em tubo seco para separação do soro, usado para mensuração da atividade de AST e CK em analisador bioquímico automático BS120 Mindray no Laboratório Clínico Veterinário UFPR-Setor Palotina. Os resultados das vacas em decúbito foram comparados com intervalos de referência (STÄMPFLI; OLIVER-ESPINOSA, 2015). Grupos decúbito e controle foram comparados por teste Teste t não pareado, e a correlação de Spearman, entre tipo de decúbito e valores de AST e CK, ambos com p˂0,05. A média (UI/L) e desvio padrão de AST para vacas em decúbito foi 107±73 e CK 1.213±2.675, para o grupo controle AST 82±27 e CK 115±119, houve diferença para CK. Comparada aos valores de referência, houve aumento de AST em 13,3% das vacas e de CK em 80%. O aumento das atividades séricas de AST e CK indicam lesão muscular (STÄMPFLI; OLIVER-ESPINOSA, 2015), e a maioria das vacas apresentou aumento de CK, indicando que o decúbito pela hipocalcemia, mesmo que por poucas horas levou à lesão. O aumento de CK foi mais frequente que de AST, pois sua elevação ocorre mais precocemente, com valor máximo de 6-12h após lesão muscular, já a elevação de AST é mais lenta (STÄMPFLI; OLIVER-ESPINOSA, 2015), provavelmente pela duração do decúbito. Quanto à AST, duas vacas tiveram valores aumentados, justamente as com os maiores valores de CK, sendo acima de 1000UI/L, (CK 3.259UI/L e AST 149UI/L; CK 10.460UI/L e AST 356UI/L). Todas as vacas levantaram após o tratamento, com recidiva para vaca de AST 356UI/L, seguindo para óbito, todavia apresentava cetose e pneumonia aspirativa associadas, impedindo conclusões sobre o prognóstico e a influência da lesão muscular neste quadro, embora o aumento simultâneo de CK e AST, foi provavelmente pelo maior tempo de evolução e gravidade. Houve correlação entre decúbito lateral e maiores valores de CK (rS=0,619), demonstrando maior lesão muscular conforme o tipo de decúbito. Assim, conclui-se que o decúbito pela hipocalcemia em vacas, mesmo que com poucas horas de duração, é capaz de causar lesão muscular, avaliada através da atividade sérica das enzimas CK e AST, que aumentam conforme gravidade e tempo de evolução do quadro.


Keywords


Aspartato aminotransferase; Creatina quinase; Doença metabólica



DOI: http://dx.doi.org/10.5380/avs.v15i5.76555