USO DE NITAZOXANIDA NO TRATAMENTO DE TRICOMONÍASE EM AVES: RELATOS DE CASOS
DOI:
https://doi.org/10.5380/avs.v15i5.76309Palavras-chave:
carcará, protozoário, trichomonas, tucanoResumo
Trichomonas sp. é um protozoário flagelado causador da tricomoníase. Esse parasita afeta principalmente os tratos digestivo superior e respiratório de aves, com ocorrência comum em espécies das ordens Columbiformes, Falconiformes e Psittaciformes (SILVA, 2017). O objetivo do presente trabalho é relatar três casos resolução da tricomoníase em aves tratadas com nitazoxanida. Foram atendidos no Setor de Animais Silvestres do Hospital Veterinário da Universidade de Brasília, dois espécimes de Caracara plancus e um de Ramphastos tocos, jovens e de sexo indeterminado. Ao exame físico, os dois carcarás se apresentavam em estação e resistiram à manipulação, enquanto o tucano se mostrou pouco responsivo e apático. Os animais apresentavam placas caseosas esbranquiçadas em cavidade oral as quais foram coletadas através de swab estéril e enviadas para exame parasitológico, com confirmação da presença de Trichomonas sp. Na abordagem inicial todos receberam fluidoterapia com ringer lactato (3% do peso vivo, SC, SID) durante três dias. No primeiro exemplar de carcará, a primeira abordagem terapêutica para tricomoníase foi realizada com metronidazol 50mg/mL (50mg/kg, VO, SID), porém não se mostrou efetiva, dado que o segundo exame parasitológico apontou a persistência do protozoário. Como segunda abordagem terapêutica foi realizada a administração de nitazoxanida 20 mg/mL (42mg/kg, VO, BID) durante sete dias, concluindo o tratamento do animal com êxito. O outro exemplar de carcará e o tucano foram tratados unicamente com nitazoxanida 20mg/mL (42mg/kg, VO, BID) durante sete dias logo após o primeiro resultado positivo para o parasita, com resolução rápida da infestação. As aves permaneceram no hospital para melhor recuperação de escore corporal e, quando consideradas aptas, foram encaminhadas ao CETAS-DF para destinação. A tricomoníase é transmitida de forma direta pelo contato entre os animais sadios e os carreadores, por ingestão de água, alimento e fômites. Dito isto, populações de animais silvestres são extensivamente afetadas devido à alta circulação nos ambientes e o compartilhamento de espaços durante forrageamento. A prevalência de Trichomonas sp. em aves de rapina de vida livre também seria justificada por seus hábitos alimentares devido à predação de columbiformes, que podem carrear o protozoário sem apresentarem sinais clínicos. Existem poucos relatos de tricomoníase em tucanos, mas são mais escassos. A nitazoxanida possui atividade antimicrobiana de amplo espectro, sendo uma medicação eficaz contra helmintos e protozoários intestinais. Sua ação está relacionada ao bloqueio da reação de transferência de elétrons dependente da enzima piruvato-ferredoxina oxidoredutase, essencial para o metabolismo anaeróbico. Este princípio ativo e seu metabólito ativo tizoxanida são capazes de inibir o crescimento de formas trofozoítas de Trichomonas sp. in vitro. Ainda são escassos estudos acerca do uso da nitazoxanida no tratamento de tricomoníase em aves (EEDIC, 2016), por isso, relatos como o presente são importantes como fonte de informações para opções terapêuticas na medicina de animais silvestres. Nos casos descritos, o uso de nitazoxanida foi eficaz no tratamento de tricomoníase de dois exemplares de carcará e um de tucano, e pode ser considerado como opção de tratamento para demais aves.
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