TRATAMENTO DE TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO EM Nasua nasua (Linnaeus, 1766): RELATO DE CASO
Abstract
Animais silvestres podem ser expostos a diversas agressões de caráter traumático, como por exemplo, quedas, atropelamentos e predação. Tais eventos podem originar diversas lesões, dentre elas, o traumatismo cranioencefálico (TCE), que é definido como um trauma na cabeça que afeta o sistema nervoso central (CUNHA, 2017). O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de traumatismo cranioencefálico em um quati (Nasua nasua). Foi atendido um exemplar de quati macho, jovem, no Setor de Animais Silvestres do Hospital Veterinário da Universidade de Brasília, que apresentava hipoatividade e hiporreflexia. Ao exame físico, foi observada fissura no palato em região média e laceração em região de face. A imagem radiográfica permitiu observar fratura no osso frontal e confirmou a fissura no palato. A abordagem terapêutica inicial foi realizada com fluidoterapia com ringer lactato (50 mL, SC, dose única), manitol 20% (5 mg/kg, IV, BID) e tramadol 50 mg/mL (6 mg/kg, IM, BID) por quatro dias. Concomitantemente, houve a utilização de meloxicam 0,2% (0,1 mg/kg, IM, SID) e dipirona 500 mg/mL (25mg/kg, VO, BID) por dez dias. No sexto dia de tratamento, iniciou-se o uso de propentofilina 10 mg/mL (3 mg/kg, VO, BID) por quinze dias. Foi observada melhora do quadro clínico inicial após o terceiro dia de tratamento. Após dois meses, foi observada resolução da fratura e então o animal foi considerado apto para retorno à natureza e encaminhado ao CETAS-DF para soltura. No TCE ocorre ativação de vias bioquímicas que intensificam os danos e elevam a pressão intracraniana (PIC), que compromete a perfusão encefálica e é considerada como a principal causa de óbito. Para uma melhor terapêutica recomenda-se exame neurológico completo e auxílio de exames de imagem. A prioridade deve ser a estabilização crânio cervical, além da manutenção de pressão de perfusão cerebral e suprimento de oxigênio adequados. Evitar a hipovolemia, a hipóxia e a hiperglicemia são essenciais para um melhor prognóstico. O manitol possui efeito osmótico e age na diminuição da viscosidade sanguínea e na indução da diurese, o que promove a vasoconstrição cerebral e diminui o risco de edema cerebral. Já a propentofilina auxilia no aumento da perfusão sanguínea e consequente oxigenação cerebral. O controle da dor também está ligado diretamente à diminuição da PIC, por isso analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais são recomendados nos protocolos terapêuticos de TCE. O uso de opioides pode causar efeitos adversos, como hipotensão e depressão respiratória e, consequente, aumento da PIC, porém quando utilizado com doses analgésicas são considerados seguros. Em casos graves, a intervenção cirúrgica pode ser recomendada (SANDE; WEST, 2010). O tratamento de TCE deve ser imediato e agressivo, pois apesar do prognóstico reservado, os animais podem se recuperar de forma sistêmica e neurológica se as anormalidades forem identificadas precocemente, conforme o quati deste presente relato.
Keywords
manitol; quati; tce; terapêutica; trauma
Full Text:
PDF (Português (Brasil))DOI: http://dx.doi.org/10.5380/avs.v15i5.76308