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EFEITO DO MANEJO NA ANTECIPAÇÃO REPRODUTIVA DE FÊMEAS OVINAS

JOSÉ LUIZ DE SÁ

Abstract



O maior obstáculo à produtividade ovina é o da estacionalidade reprodutiva da espécie,
determinando a ocorrência de apenas um parto por ano e retardando o início da vida
reprodutiva de borregas. O aumento da freqüência reprodutiva traria como vantagens uma
oferta de cordeiros ao mercado mais uniforme, com aproveitamento mais eficiente das
instalações e da mão de obra da propriedade, permitindo uma renda mais uniforme para o
criador e minimizando o risco de perdas importantes da safra de cordeiros. Os objetivos do
presente trabalho consistem então em identificar técnicas de manejo que possam diminuir o
efeito da estacionalidade reprodutiva, antecipando a primeira cobrição de borregas e
permitindo a obtenção de mais de uma estação de nascimentos por ano. O trabalho foi
desenvolvido em três fases. Na primeira fase verificou-se a viabilidade da exposição de
borregas à monta aos oito meses de idade, em comparação ao sistema tradicional, em que a
primeira cobertura só ocorre em torno dos 18 a 20 meses de idade. Foi avaliado também o
efeito desta gestação precoce sobre os cordeiros resultantes. Observou-se que, apesar da
menor fertilidade aos oito meses de idade e do menor peso corporal na estação de monta
seguinte, a fertilidade destas borregas não foi afetada e seus cordeiros tiveram o mesmo
desempenho que os produzidos por borregas de 20 meses. Logo se conclui que é
perfeitamente viável a obtenção deste parto a mais na vida útil das ovelhas. Na segunda fase
do trabalho, borregas que não conceberam aos 8 meses foram novamente expostas à monta
aos 16 meses, em época de anestro sazonal da espécie ovina. Estas borregas apresentaram
uma taxa de fertilidade semelhante àquela das borregas acasaladas aos 8 meses, e seus
cordeiros foram igualmente viáveis, mostrando ser possível evitar a sazonalidade reprodutiva
e assim antecipar o início da atividade reprodutiva das borregas. Na terceira fase, analisou-se
o efeito da suplementação alimentar dos cordeiros, via creep feeding, na performance
reprodutiva de ovelhas expostas à monta precocemente, em época de anestro estacional. A
suplementação dos cordeiros permitiria a manutenção da condição corporal das ovelhas,
maximizando sua fertilidade, especialmente face ao curto período de recuperação entre
desmama e nova estação de monta, de apenas 3 meses em vez dos 6 meses usuais. Tal efeito,
contudo, não foi evidenciado neste trabalho. A fertilidade não foi afetada pela prática do
creep feeding, possivelmente pelo fato de as ovelhas serem alimentadas de acordo com os
requerimentos nutricionais (NRC, 1985), recebendo suplementação concentrada em função da
qualidade da pastagem. Além disso, todos os cordeiros foram desmamados aos l8 kg ou 60
dias, minimizando o efeito do stress da lactação. Um efeito da suplementação dos cordeiros
foi notável apenas no peso vivo e escore corporal das ovelhas que produziram gêmeos, porém
a fertilidade na estação de monta seguinte não diferiu estatisticamente daquela das ovelhas
cujos cordeiros foram suplementados. A fertilidade fora do período normal de reprodução foi
inferior à do período normal, porém superior a 60%, mostrando a viabilidade de se trabalhar
com mais de uma estação de coberturas e de nascimentos por ano. Considerando os resultados
obtidos, conclui-se que é viável a antecipação da atividade reprodutiva da espécie ovina, com
a primeira gestação estabelecida aos 8 meses de idade e com mais de uma estação de
coberturas no ano, mesmo em períodos normalmente considerados de anestro fisiológico.
Além disso, a suplementação dos cordeiros durante o aleitamento, como condição para a
rápida recuperação das ovelhas, pode não ser uma prática indispensável, desde que as ovelhas
recebam suplementos concentrados que permitam o perfeito atendimento de seus
requerimentos nutricionais.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/avs.v3i1.3764