ECOS URBANOS NO ANTROPOCENO

O PICHO COMO PEDAGOGIA CULTURAL NOS MUROS DE PELOTAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/vrpect.1.98031

Resumo

O presente artigo cartografa possibilidades (de)formativas que o picho, encontrado em andanças da cidade de Pelotas/RS, sensibiliza sobre o Antropoceno. A pichação enuncia: "Que os ricos paguem pela crise climática", sendo analisada através de uma diversidade de saberes, tecendo coletivamente questões ambientais, sociais, decoloniais e subjetivas, a partir de autores que discutem a pedagogia cultural, ecosofia e ecologia decolonial. A pesquisa investiga como esta intervenção urbana, popularmente compreendida como marginalizada, desafia as normas sociais e políticas impostas, fomentando um imaginário de subjetividades através das injustiças ambientais e climáticas. Conclui-se que, ao habitarmos as ruínas do Antropoceno, os pichos podem atuar como formas de insurgências, incitando reflexões críticas através das responsabilidades econômicas dos privilegiados, das desigualdades existentes no contexto das mudanças climáticas e pistas de formas de habitar o mundo para além da exclusividade dos humanos

Biografia do Autor

Diego Nascimento da Costa, Universidade federal de pelotas

Graduando no curso de Licenciatura em Química, pela Universidade Federal de Pelotas. Faz parte do Laboratório de Pesquisa no Ensino de Química (LABEQ) e do Grupo de Estudos em Educação Científica e Culturas (GEEC-UFPR). Foi bolsista pela CAPES no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) no período de (2020-2022). Foi bolsista no pela CAPES no Programa Residência Pedagógica (2022-2024). Participou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica no Projeto "TRABALHO DOCENTE, CURRÍCULO E GESTÃO". (PIBIC/CNPQ). Fez um período de sua graduação 'sanduíche' na Universidad Pedagógica Nacional (2023). Atualmente é bolsista de Extensão e cultura (UFPEL).

Maitê Thainara Barth, Universidade Federal do Paraná

Doutoranda e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM) na Universidade Federal do Paraná (UFPR), bolsista CNPq e integrante do Grupo de Estudos em Educação Científica e Culturas (GEECC). Atualmente tem interesse em pesquisas que envolvem cartografia, química menor e arte.

Bruna Adriane Fary-Hidai, Universidade Federal de Pelotas

Licenciada em Química (UTFPR, 2015). Mestra e Doutora em Ensino de Ciências e Educação Matemática (UEL, 2021). Atualmente, é professora no Centro de Ciências Químicas Farmacêuticas e de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e atua no Programa de Pós-Gradação em Química (PPGQ).

Roberto Dalmo Varallo Lima de Oliveira, Universidade Federal do Paraná

Licenciado em Química pela Universidade Federal Fluminense (2012), Mestre e Doutor em Ciência, Tecnologia e Educação pelo CEFET-RJ (2017). Foi professor da Escola Básica. Trabalhou entre 2014 e 2017 na Universidade Federal do Tocantins (UFT), entre 2017 e 2019 na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atualmente, é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Coordenador da Coleção Culturas, Direitos Humanos e Diversidades na Educação em Ciências. Atuando nos programas de pós-graduação em Educação (PPGE) e Educação em Ciências e em Matemáticas (PPGECM) com os temas Estudos Culturais da Ciência e Tecnologias; Relações entre Ciências, Artes e filosofias.

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Publicado

2025-04-26

Como Citar

Nascimento da Costa, D., Thainara Barth, M., Adriane Fary-Hidai, B., & Varallo Lima de Oliveira, R. D. (2025). ECOS URBANOS NO ANTROPOCENO: O PICHO COMO PEDAGOGIA CULTURAL NOS MUROS DE PELOTAS. Vestigare: Revista De Pesquisas Em Educação, Ciências E Tecnologias, (1), 45–66. https://doi.org/10.5380/vrpect.1.98031

Edição

Seção

Seção A: Ensaio Acadêmico em Educação, Ciências e Tecnologias