ECOS URBANOS NO ANTROPOCENO
O PICHO COMO PEDAGOGIA CULTURAL NOS MUROS DE PELOTAS
DOI:
https://doi.org/10.5380/vrpect.1.98031Resumo
O presente artigo cartografa possibilidades (de)formativas que o picho, encontrado em andanças da cidade de Pelotas/RS, sensibiliza sobre o Antropoceno. A pichação enuncia: "Que os ricos paguem pela crise climática", sendo analisada através de uma diversidade de saberes, tecendo coletivamente questões ambientais, sociais, decoloniais e subjetivas, a partir de autores que discutem a pedagogia cultural, ecosofia e ecologia decolonial. A pesquisa investiga como esta intervenção urbana, popularmente compreendida como marginalizada, desafia as normas sociais e políticas impostas, fomentando um imaginário de subjetividades através das injustiças ambientais e climáticas. Conclui-se que, ao habitarmos as ruínas do Antropoceno, os pichos podem atuar como formas de insurgências, incitando reflexões críticas através das responsabilidades econômicas dos privilegiados, das desigualdades existentes no contexto das mudanças climáticas e pistas de formas de habitar o mundo para além da exclusividade dos humanos
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