Kant como pai do pessimismo? Sobre a heterodoxa interpretação de Eduard von Hartmann da origem do pessimismo moderno

Autores

  • Maurício Pan Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Santa Catarina
  • Vilmar Debona Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Santa Catarina https://orcid.org/0000-0002-0411-3358

DOI:

https://doi.org/10.5380/sk.v22i1.93995

Palavras-chave:

Eduard von Hartmann, Kant, Schopenhauer, Pessimismo.

Resumo

A Pessimismus-Frage consistiu num acalorado debate filosófico que ocorreu na segunda metade do século XIX, na Alemanha e em boa parte da Europa, e que, hoje, está sendo “redescoberta”. Com a tardia valorização da filosofia de Schopenhauer, uma das suas mais influentes recepções se deu devido ao seu chamado pessimismo metafísico, o que motivou novos defensores do pessimismo moderno na Filosofia ocidental e também seus adversários. Embora seja raramente questionado que a origem desse pessimismo moderno esteja na obra de Schopenhauer, um importante filósofo do referido movimento, Eduard von Hartmann, contestou esse julgamento, reivindicando para Kant a fundamentação do pessimismo moderno, a ponto de considerar o último como o verdadeiro pai do pessimismo (Vater des Pessimismus). O presente artigo assume um duplo objetivo principal: analisar quais elementos da filosofia kantiana Hartmann mobiliza para defender tal epíteto ao autor da Crítica da razão prática e ponderar em que medida sua defesa se sustentaria ante à filosofia schopenhaueriana.

Biografia do Autor

Maurício Pan, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Santa Catarina

Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Santa Catarina

Vilmar Debona, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Santa Catarina

Professor do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Referências

BEISER, Frederick. Weltschmerz: Pessimism in German Philosophy, 1860-1900. Oxford: Oxford University Press, 2016.

CACCIOLA, Maria Lúcia. Schopenhauer e a questão do dogmatismo. 2a. ed. São Paulo: Edusp; Florianópolis: Editora da UFSC, 2023.

CARO, Elme-Marie. Le pessimisme au XIX siécle: Leopardi, Schopenhauer, Hartmann. Paris: Librairie Hachette, 1878.

COPLESTON, Frederick. Arthur Schopenhauer: Philosopher of pessimism. London: Bellarmine Series, 1946.

DAHLKVIST, Tobias. Nietzsche and the philosophy of pessimism. Uppsala: Uppsala Universitet, 2007.

DEBONA, Vilmar. A outra face do pessimismo: entre radicalidade ascética e sabedoria de vida em Schopenhauer. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, São Paulo, 2013.

DEBONA, Vilmar. Pessimismo e eudemonologia: Schopenhauer entre pessimismo metafísico e pessimismo pragmático. Kriterion, Belo Horizonte, v. 57, n. 135, pp. 781-802, 2016. https://doi.org/10.1590/0100-512X2016n13510vd

DEBONA, Vilmar. A outra face do pessimismo: caráter, ação e sabedoria de vida em Schopenhauer. São Paulo: Edições Loyola, 2020 (Coleção Leituras Filosóficas).

FAZIO, Domenico M. La scuola di Schopenhauer. I contesti. In: CENTRO INTERDIPARTIMENTALE DI RICERCA SU A. SCHOPENHAUER E LA SUA SCUOLA (a cura di). La scuola di Schopenhauer: Testi e contesti. Lecce: Pensa MultiMedia, 2009, pp. 16-216.

FAZIO, Domenico M. La doppia faccia del pessimismo. Cuadernos de Pesimismo, n. 2, 2023, p. 109-123.

GARDNER, Sebastian. Thinking the unconscious: nineteenth-century german thought. London: Cambridge, 2010.

HARTMANN, Eduard von. Philosophie des Unbewussten. 10a ed. Leipzig: Wilhelm Friedrich Verlag, 1900.

HARTMANN, Eduard von. Gesammelte Studien und Aufsätze (Schopenhauer’s Panthelismus). 3a ed. Leipzig: Wilhelm Friedrich Verlag, 1888.

HARTMANN, Eduard von. Zur Geschichte und Begründung des Pessimismus. Berlin: Carl Duncker’s Verlag, 1880.

HAUSKELLER, Michael. Durch Leiden lernen. Schopenhauer zwischen Mitleid und Weltüberwindung. Schopenhauer-Jahrbuch, Frankfurt a.M., Bd. 84, 2003, p. 75-90.

HORKHEIMER, Max. Gesammelte Schriften: Vorträge und Aufzeichnungen 1949-1973. Bd. 7. Frankfurt am Main: Fischer Verlag, 1985.

HORKHEIMER, Max. A atualidade de Schopenhauer. Trad. Lucas Lazarini Valente. Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, Santa Maria, vol. 9, n. 2, jul.-dez. 2018, pp. 190-208.

INVERNIZZI, Giuseppe. Il pessimismo tedesco dell’ottocento: Schopenhauer, Hartmann, Bahnsen, e Mainländer e i loro avversari. Milano: La Nuova Italia editrice, 1994.

JANAWAY, Christopher. Worse than the best possible pessimism? Olga Plümacher’s critique of Schopenhauer. British Journal for the History of Philosophy, 30:2, 2021, p. 211-230. 10.1080/09608788.2021.1881441

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Valério Rohden. São Paulo: Abril Cultural, 1974.

KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Trad. Arthur Morão. São Paulo: Edições 70, 1992.

LÜTKEHAUS, Ludger. Ist der Pessimismus ein Quietismus? Überlegungen zu einer Praxisphilosophie des Als-Ob. In: HÜHN, Lore. Die Ethik Arthur Schopenhauers im Ausgang vom deutschen Idealismus (Fichte/Schelling). Würzburg: Ergon, 2006, pp. 225-238.

LÜTKEHAUS, Ludger. Esiste una sinistra schopenhaueriana? Ovvero: il pessimismo è un quietismo? In: FAZIO, D. M., KOSSLER, M., LÜTKEHAUS, L. Arthur Schopenhauer e la sua scuola. Lecce: Pensa MultiMedia, 2007, pp. 15-34.

MAGEE, Bryan. The philosophy of Schopenhauer. 2a ed. New York: Oxford University Press, 1997.

METMAN, Étienne. Le pessimisme moderne: son histoire et ses causes. Dijon: Imprimiere Darantiere, 1892.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Die fröhliche Wissenschaft. Digital critical edition of the complete works and letters, based on the critical text by G. Colli and M. Montinari, Berlin/New York, de Gruyter 1967. Ed. por Paolo D’Iorio. Nietzsche Source: http://www.nietzschesource.org/#eKGWB.

PLÜMACHER, Olga. Der Pessimismus in Vergangenheit und Gegenwart: Geschichtliches und Kritisches. Heidelberg: Georg Weiss Verlag, 1888.

SCHOPENHAUER, Arthur. Aforismos para a sabedoria de vida. Trad. Gabriel Valladão Silva. Porto Alegre: L&PM, 2019.

SCHOPENHAUER, Arthur. Die Welt als Wille und Vorstellung: In: Sämtliche Werke in zehn Bänden. Zürich: Diogenes Verlag, 1977.

SCHOPENHAUER, Arthur. Sämtliche Werke. Edição histórico-crítica de Paul Deussen. 16 Vol. München: Piper Verlag, 1911-1941. In: “Schopenhauer im Kontext III” - Werke, Vorlesungen, Nachlass und Briefwechsel auf CD-ROM (Release 1/2008).

SCHOPENHAUER, Arthur. Le monde comme volonté et comme representation. 4a ed. Trad. Auguste Burdeau. Paris: Librarie Félix Alcain, 1912.

SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e como representação. Tomo I. 2a. ed. Trad. Jair Barboza. São Paulo: Editora Unesp, 2015a.

SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e como representação. Tomo II. Trad. Jair Barboza. São Paulo: Editora Unesp, 2015b.

SCHOPENHAUER, Arthur. Sobre el fundamento de la moral. Trad. Pilar López de Santa Maria. Barcelona: RBA Coleccionables, 2002.

SCHOPENHAUER, Arthur. The world as will and representation. 2a ed. Trad. E. F. J. Payne. New York: Dover Publications Inc, 1969.

SOARES, Daniel. Schopenhauer e a Pessimismus-Frage: a influência da filosofia schopenhaueriana durante a controvérsia sobre o pessimismo na filosofia alemã no final do século XIX, Revista Sofia, Vitória, v. 7, n. 2, p. 252-274, 2018.

SULLY, James. Pessimism: a history and a criticism. London: Henry S. King & CO., 1877.

TAUBERT, Agnes. Der Pessimismus und seine Gegner. Berlin: Carl von Dunker’s Verlag, 1873.

VITALE, Maria. Dalla volontà di vivere all’inconscio. Eduard von Hartmann e la trasformazione della filosofia di Schopenhauer. Lecce: Pensa MultiMedia, 2014 (Schopenhaueriana, 8).

WENLEY, Robert Mark. Aspects of pessimism. London: William Blackwood and Sons, 1894.

Downloads

Publicado

2025-01-31

Como Citar

Pan, M., & Debona, V. (2025). Kant como pai do pessimismo? Sobre a heterodoxa interpretação de Eduard von Hartmann da origem do pessimismo moderno. Studia Kantiana, 22(1), 91–106. https://doi.org/10.5380/sk.v22i1.93995

Edição

Seção

Artigos