A deliberação no Supremo Tribunal Federal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/rinc.v11i2.92817

Palavras-chave:

Cortes Constitucionais; Supremo Tribunal Federal; deliberação; propostas de aperfeiçoamento; decisão.

Resumo

O presente trabalho se dedica ao exame da prática deliberativa do Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de oferecer propostas para o seu aperfeiçoamento.  A discussão mostra-se especialmente relevante no atual contexto brasileiro, em que se observa um tribunal cada vez mais atuante, bem como um movimento de valorização dos seus precedentes, ao mesmo tempo em que se constata a existência de diversos aspectos de sua deliberação que estão a merecer reparos. Observa-se, sobretudo, um déficit de colegialidade. Uma deliberação qualificada, além de conferir maior legitimidade à sua atuação no controle de constitucionalidade, contribuiria para o efetivo fortalecimento de sua jurisprudência, na medida em que permitiria a identificação da posição institucional da Corte. Diante desse quadro, é analisada a prática deliberativa do Supremo Tribunal Federal, seguida da apresentação de propostas de aperfeiçoamento, considerando experiências exitosas de Cortes Constitucionais estrangeiras.

Biografia do Autor

Christiane Mina Falsarella, Universidade de São Paulo

Doutora em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo (São Paulo-SP, Brasil). Mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Brasil). Professora da pós-graduação da Escola Nacional de Advocacia Pública (ESNAP/USP) e da Escola Superior da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (ESPGE/SP). Procuradora do Estado de São Paulo.

Referências

ARGUELHES, Diego Werneck; HARTMANN, Ivan A. A monocratização do STF. Jota, 03 ago. 2015. Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/a-monocratizacao-do-stf-03082015>.

ARGUELHES, Diego Werneck; RIBEIRO, Leandro Molhano. O Supremo Individual: mecanismos de atuação direta dos Ministros sobre o processo político. Direito, Estado e Sociedade, n. 46, p. 121-155, jan./jun. 2015.

ARGUELHES, Diego Werneck; ESTEVES, Luiz Fernando Gomes. Seis vezes “onze ilhas”: os múltiplos sentidos de individualismo em interpretações sobre o STF. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 11, n. 1, e260, jan./abr. 2024.

BALEEIRO, Aliomar. O Supremo Tribunal Federal, esse outro desconhecido. Rio de Janeiro: Forense, 1968.

BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Direito processual constitucional: aspectos contemporâneos. Belo Horizonte: Fórum, 2008.

BARANGER, Denis. Sur la manière française de rendre la justice constitutionnelle: motivations et raisons politiques dans la jurisprudence du Conseil constitutionnel. Jus politicum, n. 7, mar. 2012. Disponível em: < http://juspoliticum.com/Sur-la-maniere-francaise-de-rendre.html>.

BARROSO, Luís Roberto. Reflexões sobre as competências e o funcionamento do Supremo Tribunal Federal. Conjur, 25 ago. 2014. Disponível em: <http://s.conjur.com.br/dl/palestra-ivnl-reflexoes-stf-25ago2014.pdf>.

BARROSO, Luís Roberto. O Supremo Tribunal Federal em 2016: o ano que custou a acabar. Conjur. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/retrospectiva-2016-barroso-parte.pdf>.

BAUM, Lawrence. The Supreme Court. 12. ed. Los Angeles: Sage, 2016.

COSTA, José Manuel M. Cardoso da. A jurisdição constitucional em Portugal. 3. ed. Coimbra: Almedina, 2007.

FALCÃO, Joaquim; CERDEIRA, Pablo; ARGUELHES, Diego Werneck. O Supremo Tribunal Federal Processual. In: MARTINS, Ives Gandra da Silva; ROSSET, Patrícia; AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues do (org.). Estudos: Direito Público. Homenagem ao Ministro Carlos Mário da Silva Velloso. São Paulo: Lex Magister, 2013.

FALSARELLA, Christiane Mina; NOVAIS, Fabrício Muraro. Obrigatoriedade de fixação expressa pelo Supremo Tribunal Federal da tese jurídica acolhida no controle abstrato de constitucionalidade. In: TAVARES, André Ramos; GAMA, Marina Faraco Lacerda (Org.). Um Código de Processo Constitucional para o Brasil. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2021.

FEREJOHN, John; PASQUINO, Pasquale. Constitutional Courts as deliberative institutions institutions: towards an institutional theory of constitutional justice. In: SADURSKI, Wojciech. (Org.) Constitutional Justice, East and West – democratic legitimacy and Constitutional Courts in Post-communist Europe in a comparative perspective. The Hague: Kluwer Law International, 2003.

FONTAINHA, Fernando de Castro; SILVA, Angela Moreira Domingues da; ALMEIDA, Fabio Ferraz de. História oral do Supremo (1988-2013), v.4: Cezar Peluso. Rio de Janeiro: Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas, 2015.

FONTAINHA, Fernando de Castro; MATTOS, Marco Aurélio Vannucchi Leme de; NUÑES, Izabel Saenger (orgs.). História oral do Supremo (1988-2013), v.12: Luiz Fux. Rio de Janeiro: Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas, 2016.

FONTAINHA, Fernando de Castro; SILVA, Angela Moreira Domingues da; NUÑES, Izabel Saenger. História oral do Supremo (1988-2013), v.3: Sepúlveda Pertence. Rio de Janeiro: Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas, 2015.

FONTE, Felipe de Melo. Jurisdição Constitucional e Participação Popular: o Supremo Tribunal Federal na era da TV Justiça. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.

GINSBURG, Ruth Bader. The Role of Dissenting Opinions. Minessota Law Review, n° 95, 2010.

HAMON, Francis; TROPER, Michel. Droit constitutionnel. Paris: Lextenso Éditions, 2009.

LASSER, Mitchel de S.-O.-I’E. Judicial deliberations: a comparative analysis of judicial transparency and legitimacy. New York: Oxford University Press, 2004.

LEITE, Fábio Carvalho; BRANDO, Marcelo Santini. Dispersão de fundamentos no Supremo Tribunal Federal. Direito, Estado e Sociedade, n. 48, p. 139-166, jan./jun. 2016.

LUNARDI, Fabrício Castagna. Os poderes hipertróficos do relator no STF, o desmembramento

constitucional e o golpe de Estado jurídico. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 7, n. 3, p. 877-899, set./dez. 2020.

LUNARDI, Fabrício Castagna. Supremo voto do relator ou onze votos Supremos? Uma análise

do comportamento dos Ministros do STF nos julgamentos colegiados. Revista de Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 9, n. 1, p. 229-250, jan./abr. 2022.

KAPISZEWSKI, Diana. How Courts Work: Institutions, Culture, and the Brazilian Supremo Tribunal Federal. In: COUSO, Javier; HUNEEUS, Alexandra; SIEDER, Rachel. Cultures of Legality: Judicialization and Political Activism in Latin America. New York: Cambridge University Press, 2010.

KELEMEN, Katalin. Dissenting Opinion in Constitucional Courts. German Law Journal, vol. 14, n. 8, 2013.

KLAFKE, Guilherme Forma; PRETZEL, Bruna Romano. Processo decisório no Supremo Tribunal Federal: aprofundando o diagnóstico das onze ilhas. Revista de Estudos Empíricos em Direito, vol. 1, n. 1, p. 89-104, jan. 2014.

MALTZMAN, Forrest; SPRIGGS II, James F.; WAHLBECK, Paul J. Crafting Law on the Supreme Court: the collegial game. New York: Cambridge University Press, 2010.

MARTINS, Leonardo. Introdução à Jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal Alemão. In: SCHWABE, Jürgen (Org.). Cinquenta Anos de Jurisprudência do Tribunal Constitucional Alemão. Organização e introdução por Leonardo Martins. Montevidéu: Konrad-Adenauer-Stiftung, 2005.

MELLO, Patrícia Perrone Campos. Nos bastidores do STF. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

MENDES, Conrado Hübner. Constitutional Courts and Deliberative Democracy. Oxford University Press, 2014.

MENDES, Conrado Hübner. Onze ilhas. Folha de São Paulo, 01 fev. 2010. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0102201008.htm>.

MENDES, Conrado Hübner. O projeto de uma corte deliberativa. In: VOJVODIC, Adriana; PINTO, Henrique Motta; GORZONI, Paula; SOUZA, Rodrigo Pagani de (org.). Jurisdição constitucional no Brasil. São Paulo: Malheiros Editores, 2012.

MENDES, Conrado Hübner. Desempenho deliberativo de cortes constitucionais e o STF. In: MACEDO JÚNIOR, Ronaldo Porto; BARBIERI, Catarina Helena Cortada (org.). Direito e interpretação: racionalidades e instituições. São Paulo: Saraiva, 2011.

MENDES, Gilmar Ferreira. Jurisdição Constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. São Paulo: Saraiva, 2014.

MENDES, Gilmar Ferreira. Controle de Constitucionalidade e Processo de Deliberação: Legitimidade, transparência e segurança jurídica nas decisões das cortes supremas. Disponível: <http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/EUA_GM.pdf>.

O’BRIEN, David M. Institutional Norms and Supreme Court Opinions: On Reconsidering the Rise of Individual Opinions. In: GILLMAN, Howard; CLAYTON, Cornell W. (Org.). Supreme Court Decision-Making: New Institutionalist Approaches. Chicago: The University of Chicago Press, 1999.

PULS, Maurício; FERRARI, Márcio. Déficit de deliberação. Revista FAPESP, edição n. 243, p. 80-83, maio 2016.

SABÈTE, Wagdi. De l'insuffisante argumentation des décisions du Conseil constitutionnel. AJDA, 2011.

SELIGMAN, Felipe; BASILE, Juliano. STF: uma Corte que pauta e que é pautada pela imprensa. In: MENDES, Gilmar Ferreira; GALVÃO, Jorge Octávio Lavocat; MUDROVITSCH, Rodrigo de Bittencourt (org.). Jurisdição Constitucional em 2020. São Paulo: Saraiva, 2016.

SILVA, Virgílio Afonso da. Deciding without deliberating. International Journal of Constitutional Law, vol. 11, issue 3, p. 557-584, 2013.

SILVA, Virgílio Afonso da. Do we deliberate? If so, how? European Journal of Legal Studies, vol. 9, n. 2, p. 209-240, 2017.

SILVA, Virgílio Afonso da. O relator dá voz ao STF? Uma réplica a Almeida e Bogosian. Revista Estudos Institucionais, vol. 2, n. 2, p. 648-669, 2016.

SILVA, Virgílio Afonso da. Um Voto Qualquer? O Papel do Ministro Relator na Deliberação no Supremo Tribunal Federal. Revista Estudos Institucionais, vol. 1, n. 1, 2015.

SUNDFELD, Carlos Ari; PINTO, Henrique Motta. Três desafios para melhorar a jurisdição constitucional brasileira. In: VOJVODIC, Adriana; PINTO, Henrique Motta; GORZONI, Paula; SOUZA, Rodrigo Pagani de (org.). Jurisdição constitucional no Brasil. São Paulo: Malheiros Editores, 2012.

TAVARES, André Ramos; HERANI, Renato Gugliano. A contribuição da doutrina no STF: desvendando a dinâmica dos formantes doutrinários (o projeto “A Circulação da Doutrina”). In: Revista Brasileira de Estudos Constitucionais – RBEC, Belo Horizonte, ano 9, n.32, p. 1099-1114, maio/ago. 2015.

VALE, André Rufino do. A Deliberação no Supremo Tribunal Federal: Ensaio sobre alguns Problemas e Perspectivas de Análise Teórica. In: FELLET, André; NOVELINO, Marcelo (org.). Constitucionalismo e Democracia. Salvador: Editora JusPodivm, 2013.

VIEIRA, Oscar Vilhena. Supremocracia. Revista Direito GV, n. 8, p. 441-464, jul-dez/2008.

WACHSMANN, Patrick. Des chameaux et des moustiques Réflexions critiques sur le Conseil constitutionnel. In: Frontières du droit, critique des droits. Billets d’humeur en l’honneur de Danièle Lochak. LGDJ, 2007.

WALDRON, Jeremy. The Core of the Case Against Judicial Review. Yale Law Journal, n. 115, p. 1346-1406, 2006.

Downloads

Publicado

2024-07-30

Como Citar

FALSARELLA, Christiane Mina. A deliberação no Supremo Tribunal Federal. Revista de Investigações Constitucionais, [S. l.], v. 11, n. 2, p. e265, 2024. DOI: 10.5380/rinc.v11i2.92817. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/rinc/article/view/92817. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos originais