Democracia e autoritarismo: armadilhas do processo constituinte brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/rinc.v9i2.84276

Palavras-chave:

constituinte de 1987, transição política, legado autoritário, constitucionalismo latino-americano, sociologia histórica

Resumo

O artigo problematiza as condições de superação do legado autoritário do processo constituinte de 1987, instauradas a partir da transição política brasileira. O objetivo é identificar de que modo mecanismos de continuidades desse legado tiveram êxito em se manter incólumes, mesmo com o advento da nova ordem constitucional. O método adotado é o da sociologia histórica, por meio do uso da estratégia de identificação das regularidades históricas a partir do cotejo entre projetos políticos derrotados e vencedores. A hipótese construída parte do pressuposto de que todo processo constituinte é um projeto de futuro e que, ao eleger tal estratégia para o processo transicional, o governo militar e seus apoiadores estavam garantindo a impunidade das atrocidades do regime e, com ela, a permanência de um modus operandi autoritário (social e institucional) que nos acompanha historicamente.

 

Biografia do Autor

Roberta Camineiro Baggio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professora Associada da Graduação e Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (Porto Alegre-RS, Brasil). Doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Mestre em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Professora do Programa de Maestría en Derechos Humanos y Democratización para América Latina y Caribe da Universidad Nacional de San Martín (Buenos Aires, Argentina). Coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello e do Grupo de Assessoria a Migrantes e Refugiados (GAIRE) da UFRGS. Foi conselheira da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça de 24 maio de 2007 até 31 de agosto de 2016. Atua nas áreas de Direitos Humanos e Constitucionalismo na América Latina. Atualmente é coordenadora substituta do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFRGS. 

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Publicado

2022-11-08

Como Citar

BAGGIO, Roberta Camineiro. Democracia e autoritarismo: armadilhas do processo constituinte brasileiro. Revista de Investigações Constitucionais, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 451–476, 2022. DOI: 10.5380/rinc.v9i2.84276. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/rinc/article/view/84276. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos originais