Notas sobre o mínimo existencial e sua interpretação pelo STF no âmbito do controle judicial das políticas públicas com base nos direitos sociais

Autores

  • Ingo Wolfgang Sarlet Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
  • Carolina Zancaner Zockun Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.5380/rinc.v3i2.46594

Palavras-chave:

Mínimo existencial, direitos sociais, controle judicial, políticas públicas, Supremo Tribunal Federal

Resumo

O direito (e garantia) a um mínimo existencial para uma vida digna tem sido presença constante no debate acadêmico e jurisdicional pátrio, seja no plano dos Tribunais Superiores, seja nas instâncias ordinárias. Nessa perspectiva, destaca-se o papel do Supremo Tribunal Federal, que, ao longo dos últimos anos, especialmente desde os anos 2000, tem recorrido reiteradamente à noção de mínimo existencial em diversos contextos, especialmente no domínio dos direitos fundamentais sociais. Pretende-se, após uma breve digressão sobre a origem e conteúdo do mínimo existencial, analisar, à luz de alguns exemplos, o papel da jurisdição constitucional na sua intepretação e aplicação, explorando alguns julgados do STF sobre o tema, recorrendo também, ainda que em caráter ilustrativo, ao direito constitucional estrangeiro, com destaque para o alemão.

Biografia do Autor

Carolina Zancaner Zockun, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Professora de Direito Administrativo dos cursos de Graduação em Direito e Especialização em Direito Administrativo da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Doutora e Mestre em Direito Administrativo pela PUCSP. Procuradora da Fazenda Nacional.

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Publicado

2016-07-19

Como Citar

SARLET, Ingo Wolfgang; ZOCKUN, Carolina Zancaner. Notas sobre o mínimo existencial e sua interpretação pelo STF no âmbito do controle judicial das políticas públicas com base nos direitos sociais. Revista de Investigações Constitucionais, [S. l.], v. 3, n. 2, p. 115–141, 2016. DOI: 10.5380/rinc.v3i2.46594. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/rinc/article/view/46594. Acesso em: 14 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos