Discurso público sobre o aumento da violência doméstica, noticiada pela imprensa no Facebook no período de isolamento social – COVID-19

Resumen

Com a pandemia do novo Coronavírus, o Covid-19, a rotina da população mundial foi alterada de maneira expressiva. Uma das medidas adotadas foi o isolamento social, no Brasil. Essa pesquisa compreende o início do isolamento, 13 março de 2020, até 18 de novembro, data da realização. O isolamento ocasionou o reencontro das famílias nos lares o que em outrora não acontecia porque cada membro estava em seus afazeres diários. Por conseguinte, esse reencontro proporcionou conflitos familiares, especialmente atos de violência contra a mulher. Tais atos se confirmam, pois no período de isolamento social, tornou-se a visualização de notícias no Facebook sobre o aumento de casos de violência doméstica contra a mulher. Nosso propósito é analisar essas notícias admitindo que a mídia, ao informar a população, contribui para reproduzir conhecimentos, atitudes e ideologias (VAN DIJK, 1999). A questão-problema da pesquisa é: como o discurso público sobre o aumento da violência doméstica, no Facebook, no período de isolamento social – Covid-19 –, pode contribuir para a desigualdade entre os gêneros masculino e feminino? Nosso objetivo geral é compreender de que forma a imprensa contribui para perpetuar desigualdade entre os gêneros masculino e feminino . A pesquisa é qualitativa e interpretativa. Como procedimento, realizamos uma pesquisa bibliográfica, além de uma coleta, sistematização e processamento de dados relativos às postagens de notícias no Facebook. O resultado mostrou que a imprensa prioriza notícias sobre violência doméstica cujos protagonistas são atores sociais masculinos considerados modelos sociais, tais como empresários, policiais, etc. A preferência da mídia recai sobre eles, mesmo sendo agressores, fato que é reforçado pela construção de voz passiva. Por outro lado, a mulher, mesmo sendo vítima e quem denuncia a agressão é pouco mencionada e a mídia causa uma espetacularização dos casos de agressão contra a mulher. Portanto, o discurso sob o qual se funda as notícias sobre violência contra a mulher é machista, de conformação e de naturalização do estado da mulher como vítima, apagando sua identidade como protagonista.