DINÂMICAS TERRITORIAIS E TEMPORAIS DA PRODUÇÃO DE TANGERINAS (CITRUS RETICULATA) NO BRASIL ENTRE 1970-2020
DOI:
https://doi.org/10.5380/raega.v64i1.98788Resumo
A distribuição geográfica das plantações de tangerina no Brasil passou por mudanças significativas entre 1970 e 2020, refletindo processos de territorialização, desterritorialização e reterritorialização. Este estudo analisa a dinâmica espacial do plantio de tangerinas (Citrus Reticulata) no Brasil, a partir de dados da Produção Agrícola Municipal (PAM/IBGE), utilizando uma abordagem quali-quantitativa, enfocando as variáveis área plantada, quantidade produzida e utilizando da média decenal de cada município, associada à construção de mapas temáticos e à comparação das séries históricas, o que permitiu identificar padrões de continuidade e ruptura na produção. A pesquisa identificou a consolidação inicial da citricultura no estado de São Paulo, seguida de retração em decorrência de doenças como o greening e pela emergência de novos núcleos produtivos em Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. A espacialização revelou que a produção de tangerinas se desloca conforme fatores ambientais, fitossanitários e econômicos, afetando a permanência dos cultivos em determinados territórios. Observa-se que a concentração produtiva em algumas regiões favorece a especialização agrícola, mas também amplifica vulnerabilidades sanitárias inerentes à atividade. Conclui-se que a citricultura de tangerinas no Brasil é marcada por um ciclo constante de reorganizações territoriais, impulsionado tanto por desafios fitossanitários quanto por estratégias produtivas voltadas à competitividade e à adaptação às novas condições do setor.
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