MAPEAMENTO DA SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS, BAIXO PESO AO NASCER E PREMATURIDADE NO BRASIL: UMA ANÁLISE ESPACIAL
DOI:
https://doi.org/10.5380/raega.v61i1.94598Palavras-chave:
Espaço Geográfico, Zika vírus, Vigilância em Saúde Pública, Sistemas de Informação em Saúde, Sistemas de Informação Geográfica, Análise de Dados SecundáriosResumo
O conhecimento e avaliação das consequências, principalmente nutricionais, que podem acometer crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZ) ainda precisam avançar, principalmente por meio de abordagens espaciais, que permitam analisar vulnerabilidades locais para gerar melhor controle e monitoramento de doenças. Este estudo tem como objetivo analisar a distribuição espacial dos casos de SCZ em crianças brasileiras e sua associação com baixo peso ao nascer e prematuridade. Trata-se de um estudo ecológico retrospectivo com dados secundários anonimizados do sistema nacional de registro de eventos de saúde pública (RESP-Microcefalia). Para verificar a existência de associação espacial foram calculados os Indicadores Locais de Associação Espacial (LISA), univariados e bivariados. Como resultados, encontramos que a SCZ está localmente associada ao baixo peso ao nascer e à prematuridade. Dos 1.834 casos confirmados de SCZ no período de 2015 a 2021 no Brasil que fizeram parte do universo da pesquisa, 31,2% nasceram com baixo peso e 14,7% foram prematuros. Além disso, os resultados da análise bivariada do LISA mostram aglomerados de municípios com alta incidência de SCZ e alta incidência de baixo peso ao nascer e prematuridade na região Nordeste do país. Em conclusão, nossos achados demonstraram que existe uma associação espacial da SCZ no Brasil e entre a SCZ e os riscos nutricionais infantis. Diante da análise espacial realizada, este estudo pode contribuir para a detecção de áreas vulneráveis, com alta incidência de SCZ, e assim auxiliar no monitoramento e avaliação de seus impactos.
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