Open Journal Systems

EFEITO DA PROXIMIDADE A POTENCIAIS FONTES DE INFECÇÃO NA TAXA DE INCIDÊNCIA DE DENGUE NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS, SÃO PAULO, BRASIL

Jessica Andretta Mendes, Paulo Roxo Barja, Marcos Cesar Ferreira

Resumo


O objetivo desta pesquisa é investigar se há alguma relação entre Pontos Estratégicos e Imóveis Especiais (PE-IE) e incidência de dengue em suas proximidades, em Campinas-SP, entre 2013 e 2016. Os imóveis cadastrados como PE apresentam, alta concentração de materiais preferenciais para a desova da fêmea do mosquito Aedes aegypti e aqueles cadastrados como IE são imóveis relevantes para a disseminação do vírus da dengue, principalmente devido à grande circulação de pessoas nesses locais. Primeiramente, a população para cada ano de estudo foi estimada para cada célula da grade estatística do IBGE. Após isso, foram criadas faixas de distância com intervalos de 100m, até a distância máxima de 1000m em torno dos PE-IE. Em seguida, foi estimada a taxa média de incidência para cada uma das faixas de distância. A mesma estratégia foi aplicada aos PE-IE criados de modo aleatório. Foram elaborados modelos de regressão linear simples, tendo como variável dependente os valores das taxas de incidência e, como variável independente, as distâncias às fontes. Os resultados sugerem que a proximidade aos PE-IE apresenta relação com as taxas de incidência em seu entorno. A tendência foi de decréscimo das taxas médias de incidência conforme o aumento da distância das fontes. Espera-se que os resultados reforcem a importância do trabalho regular e sistemático nos imóveis denominados como PE-IE, implementando estratégias específicas, somada à revisão periódica das normas técnicas adotadas para a vistoria desses imóveis.


Palavras-chave


Pontos estratégicos; Imóveis especiais; Regressão Linear

Texto completo:

PDF

Referências


AKINER, M.M.; DEMIRCI, B.; BABUADZE, G.; ROBERT, V.; SCHAFFNER, F. Spread of the Invasive Mosquitoes Aedes aegypti and Aedes albopictus in the Black Sea Region Increases Risk of Chikungunya, Dengue, and Zika Outbreaks in Europe. PLoS Neglected Tropical Disease, v.10, n.4, 2016.

BARBOSA, G. L.; HOLCMAN, M. M.; PEREIRA, M.; GOMES, A. H. A.; WANDERLEY, D. M. V. Indicadores de infestação larvária e influência do porte populacional na transmissão de dengue no estado de São Paulo, Brasil: um estudo ecológico no período de 2007-2008. Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v. 21, n. 2, p. 195-204, 2012.

BHATT, S.; GETHING, P. W.; BRADY, O. J.; MESSINA, J. P.; FARLOW, A. W.; MOYES, C. L.; DRAKE, J. M.; BROWNSTEIN, J. S.; HOEN, A. G.; SANKOH, O.; MYERS, M. F.; GEORGE, D. B.; JAENISCH, T.; WINT, G. R. W.; SIMMONS, C. P.; SCOTT, T. W.; FARRAR, J. J.; HAY, S. I. The global distribution and burden of dengue. Nature, v. 496, n. 7446, p. 504-507, 25 abr. 2013.

BISHT, B.; KUMARI, R.; NAGPAL, B. N.; SINGH H.; GUPTA, S. K.; BANSAL, A. K.; TULI, T. R. Influence of environmental factors on dengue fever in Delhi. International Journal of Mosquito Research, v. 6., n. 2., p. 11-18, 2019.

CHEONG, Y. L.; LEITÃO, P. J.; LAKES, T. Assessment of land use factors associated with dengue cases in Malaysia using Boosted Regression Trees. Spatial and Spatio-temporal Epidemiology, v.10, p.75-84, jul. 2014.

CHIARAVALLOTI NETO, F.; SILVA, R. A.; ZINI, N.; SILVA, G. C. D.; SILVA, N. S.; PARRA, M. C. P.; DIBO, M. R.; ESTOFOLETE, F.; FAVARO, E. A.; DUTRA, K. R.; MOTA, M. T. O.; GUIMARAES, G. F.; TERZIAN, A. C. B.; BLANGIARDO, M.; NOGUEIRA, M. L. Seroprevalence for dengue virus in a hyperendemic area and associated socioeconomic and demographic factors using a cross-sectional design and a geostatistical approach, state of São Paulo, Brazil. BMC Infectious Diseases, v. 19, n. 441, 20 mai. 2019.

CONSOLI, R. A. G. B.; OLIVEIRA, R. L. Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1994.

DAVID, M. R.; DANTAS, E. S.; MACIEL-DE-FREITAS, R.; CODEÇO, C. T.; PRAST, A. E.; LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, R. Influence of larval habitat environmental characteristics on Culicidae immature abundance and body size of adult Aedes aegypti. Frontiers in Ecology and Evolution, 2021.

FARINELLI, E. C.; BAQUERO, O. S.; STEPHAN, C.; CHIARAVALLOTI NETO, F. Low socioeconomic condition and the risk of dengue fever: a direct relationship. Acta Tropica, v. 180, p.47-57, abr. 2018.

FERREIRA, M. C. Geographical distribution of the association between El Niño South Oscillation and dengue fever in the Americas: a continental analysis using geographical information system-based techniques. Geospatial Health, v.9, n. 1, p. 141-151, nov. 2014.

FISCHER, S.; DE MAJO, M. S.; DI BATTISTA, C. M.; MONTINI, P.; LOETTI, V.; CAMPOS, R. E. Adaptation to temperate climates: evidence of photoperiod-induced embryonic dormancy in Aedes aegypti in South America. Journal of insect physiology, v. 117, ago/set. 2019.

FREITAS, R. M.; OLIVEIRA, R. L. Presumed unconstrained dispersal of Aedes aegypti in the city of Rio de Janeiro, Brazil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n.1, p. 8-12, 2009.

FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS - SEADE. projeções populacionais 2020. Disponível em: < https://produtos.seade.gov.br/produtos/projpop/index.php>. Acesso em: janeiro 2021.

GRAPHPAD SOFTWARE. Versão 3.0. GraphPad Software, Inc., San Diego, Estados Unidos da América, 1998. Disponível em: . Acesso em: outubro 2020.

HAI, N. A.; KHAN, A. A.; Haq F.; Khan, S. A study on Adaptation of Aedes Aegypti Mosquito Larvae in Sewage, Boring and Sea Water. International Bhurban Conference on Applied Sciences and Technologies (IBCAST), p. 481-485, 2021,

HONÓRIO, N. A.; SILVA, W. C.; LEITE, P. J.; GONÇALVES, J. M.; LOUNIBOS, L. P.; OLIVEIRA, R. L. Dispersal of Aedes aegypti and Aedes albopictus (Diptera: Culicidae) in an urban endemic dengue area in the state of Rio de Janeiro, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 98, n. 2, p. 191-198, 2003.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contagem da população, 2007. Disponível em: . Acesso em: junho 2020.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico, 2010(a). Disponível em: . Acesso em: novembro 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Grade Estatística, 2010(b). Disponível em: . Acesso em: novembro 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Organização do território. Disponível em: . Acesso em: novembro 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Projeções populacionais. Disponível em:

nloads>. Acesso em: junho 2020.

JOHANSEN, I. C.; CARMO, R. L. Desigualdade sócio-espacial, urbanização e saúde da população: o caso das epidemias de dengue. In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 19, 2014, São Pedro. Anais... São Pedro, 2014. Disponível em: . Acesso em: janeiro 2018.

LETA, S.; BEYENE, T. J.; DE CLERCQ, E. M.; AMENU, K.; KRAEMER, M. U. G.; REVIE, C. W. Global risk mapping for major diseases transmitted by Aedes aegypti and Aedes albopictus. International Journal of Infectious Diseases, v. 67, p. 25-35, 2018.

LIEBMAN, K. A.; STODDARD, S. T.; MORRISON, A. C.; ROCHA, C; MINNICK, S; SIHUINCHA, M.; RUSSELL, K. L.; OLSON, J. G.; BLAIR, P. J.; WATTS, D. M.; KOCHEL, T.; SCOTT, T. W. Spatial dimensions of dengue virus transmission across interepidemic and epidemic periods in Iquitos, Peru (1999-2003). Plos Neglected Tropical Diseases, v. 6, n. 2, fev. 2012.

MAIA, A. G. Econometria: conceitos e aplicações. Saint Paul Editora, 2019, 384 p.

MALAVASI, H. G. Análise espacial da epidemia de dengue em Campinas/SP no ano de 2007. 2011. 117 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva), Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2011.

MAYO, R. C.; OLIVEIRA, M. A. D. P.; COSTA, M. A. F.; ALVES, M. J. C. P.; LEITE, O. F.; RANGEL, O.; SOUZA, S. S. A. L.; ANDRADE, V. R.; OLIVEIRA, V. L. M. Efetividade das ações de vigilância e controle do Aedes aegypti nos pontos estratégicos do município de Mococa, SP – 2011. Boletim Epidemiológico Paulista, São Paulo, v. 10, n. 109, p. 04-13, 2013.

MENDES, J. A. Influência do padrão espacial do uso do solo urbano e da proximidade de criadouros do Aedes aegypti na ocorrência de casos de dengue durante a epidemia de 2013 em Campinas- SP. 2016. 81 f. Dissertação (Mestrado em Geografia), Departamento de Geografia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2016.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Plano Nacional de Controle da Dengue, 2002. Disponível em: . Acesso em: março 2017.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Febre amarela, 2007. Disponível em: . Acesso em: abril 2021.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes nacionais para a prevenção e controle de epidemias de dengue, 2009. Disponível em: . Acesso em: novembro 2016.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dengue. Disponível em: . Acesso em: junho 2020(a).

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Dengue and severe Dengue. Disponível em: . Acesso em: novembro 2016.

QGIS.org. QGIS Geographic Information System. QGIS Association, 2021. Disponível em: . Acesso em: agosto 2019.

R Core Team. Versão 4.0.3. R Project for Statistical Computing, Vienna, Austria, 2020. Disponível em: . Acesso em: novembro 2020.

RESTREPO, A. C.; BAKER, P.; CLEMENTS, A. C. A. National spatial and temporal patterns of notified dengue cases, Colombia 2007 – 2010. Tropical Medicine and International Health, v. 19, n. 7, p. 863 – 871, jul. 2014.

SARFRAZ, M. S.; TRIPATHI, N. K.; TIPDECHO, T.; THONGBU, T.; KERDTHONG, P.; SOURIS, M. Analyzing the spatio-temporal relationship between dengue vector larval density and land-use using factor analysis and spatial ring mapping. BMC Public Health, v. 12, n. 853, 2012.

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. Boletim epidemiológico. Disponível em:

/Informe%20dengue%2013mai20.pdf>. Acesso em: junho 2020.

STEUDEL, G. estudo da cinética de “fragilização de 475°C” e seus efeitos nas propriedades mecânicas dos aços inoxidáveis AISI 430 e SAF 2507. 2018. 220 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais), Departamento de Engenharia de Materiais, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2018.

SUPERINTENDÊNCIA DE CONTROLE DE ENDEMIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (SUCEN). Manual de Normas Técnicas, 2009 [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por em 24 abr. 2017.

SUPERINTENDÊNCIA DE CONTROLE DE ENDEMIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (SUCEN). Sistemas de informação com acesso público. Disponível em: < http://200.144.1.23/sistemas/>. Acesso em: abril 2017.

VONTAS, J.; KIOULOS, E. PAVLIDI, N.; MOROU, E.; DELLA TORRE, A. RANSON, H. Insecticide resistance in the major dengue vectors Aedes albopictus and Aedes aegypti. Pesticide Biochemistry and Physiology, v. 104, n. 2, p. 126-131, out. 2012.

WEN, T. H.; HSU, C. S.; HU, M. C. Evaluating neighborhood structures for modeling intercity diffusion of large-scale dengue epidemics. International Journal of Health Geographics, v. 17, n. 9, 2018.

WIJAYANTI, S. P. M.; PORPHYRE, T.; CHASE-TOPPING, M.; RAINEY, S. M.; MCFARLANE, M.; SCHNETTLER, E.; BIEK, R.; KOHL, A. The importance of socio-economic versus environmental risk factors for reported dengue cases in Java, Indonesia. PLOS Neglected Tropical Diseases, 7 set. 2016.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v55i0.81681