RAZÕES CARTOGRÁFICAS E MOTIVOS DE MAPEAMENTOS: NOTAS SOBRE REPRESENTAÇÕES ESPACIAIS INDÍGENAS
DOI:
https://doi.org/10.5380/raega.v52i0.74012Palavras-chave:
Teoria do discurso, Cartografia indígena, sentidos de espacialidadesResumo
Esse artigo tem como objetivo compreender algumas Cartografia(s) na Amazônia (A ́uwe, Tukano e Mebêngôkre), problematizando os sentidos de espacialidade e suas razões cartográficas que estão em constante negociação e disputas nos processos de mapeamentos. Tais reflexões partiram de uma perspectiva teórico-metodológica pós-estruturalista, sob a ótica da Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, tecendo diálogos com estudos pós-coloniais e decoloniais, juntamente com as contribuições dos estudos da cartografia crítica e humanista e da geografia cultural. Através dessas lentes é proposto um deslocamento dos olhares hegemônicos das cosmologias cristã medieval e moderna eurocêntrica para as cosmologias indígenas na tentativa da compreensão de algumas disputas no processo de significações de ‘espaço’ nessas diferentes cosmovisões. Com isso, foi identificado os impactos da universalização de uma concepção de linguagem que no limite ocultam outras Cartografias ao negarem as diferenças no que tange ao processo de representação espacial. Através dessas inquietações, as considerações finais apresentam uma revisão das fronteiras que delimitam as cartografias de inclusão ou de exclusão oferecendo novas possibilidades para a compreensão da cartografia moderna (ou pós-moderna). Também foi feito uma reflexão sobre uma cartografia topológica para além do plano cartesiano-euclidiano que não se fecha no/para o espaço absoluto, mas que se abre para várias espacialidades, dilatando a imaginação e representação do "real" e do "imaginário" na criação de mapas.
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