GRILAGENS DE TERRA E CONFLITOS RURAIS: O LADO PERVERSO DA COLONIZAÇÃO NO PARANÁ

Autores

  • Elpidio Serra Universidade Estadual de Maringá

DOI:

https://doi.org/10.5380/raega.v46i1.55396

Palavras-chave:

Geografia, colonização, frentes de ocupação, grilagens

Resumo

Resumo: Grilagem de terras, quer através da falsificação de títulos de propriedade, quer através de outros mecanismos ilícitos, se constituiu em tarefa de fácil execução no Paraná, principalmente na fase da ocupação pioneira, ou seja, até o final da marcha colonizadora, nos anos 1960. No presente trabalho, um objetivo é destacar a facilidade com que os desvios de terras ocorreram, contribuindo para isso a estreita relação dos grileiros com o comando administrativo e com as lideranças políticas do Estado. Outro objetivo é associar as grilagens com os conflitos rurais, envolvendo o extermínio de camponeses, antigos ocupantes das terras griladas. Desvios de terras e conflitos vão caminhar lado a lado com a ocupação planejada do território, e no contexto da história agrária do Paraná, vão marcar o que pode ser chamado de o lado perverso da colonização. Em síntese o trabalho, sustentado em referenciais bibliográficos, em documentos oficiais e em informações extraídas de registros históricos, procura evidenciar o quadro de fraudes e de violência que marcou a ocupação e a apropriação das terras, tendo como recortes históricos o ano da emancipação política (1853) e o período em que se esgota o estoque de terras devolutas (década de 1960).

Biografia do Autor

Elpidio Serra, Universidade Estadual de Maringá

Departamento de Geografia

Programa de Pós-Graduação em Geografia

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Publicado

2019-03-21

Como Citar

Serra, E. (2019). GRILAGENS DE TERRA E CONFLITOS RURAIS: O LADO PERVERSO DA COLONIZAÇÃO NO PARANÁ. Ra’e Ga: O Espaço Geográfico Em Análise, 46(1), 58–74. https://doi.org/10.5380/raega.v46i1.55396

Edição

Seção

Artigos