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ESPACIALIZAÇÃO DA DENGUE: INDICADORES SOCIOESPACIAIS E ASPECTOS CLIMÁTICOS NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

Rayane Brito de Almeida, Marcela Beleza de Castro

Resumo


Este estudo buscou identificar e analisar a formação do processo saúde-doença da dengue no município de Itacoatiara (AM) por meio da identificação do padrão socioespacial vulnerável a dengue. Tal processo abrange elementos de ordem natural e ordem social, por isso foi feito uma correlação entre a variação climática (as variáveis pluviosidade, temperatura do ar e umidade relativa) e as ocorrências de dengue, também foi mapeado a distribuição espacial da dengue, os sistemas de saneamento básico (abastecimento de água, coleta de lixo e esgoto a céu aberto) e a condição de renda da população. O presente estudo foi fundamentado na análise sistêmica de Monteiro e Mendonça na integração das variáveis climáticas e indicadores socioespaciais com as ocorrências de dengue. Os resultados identificaram relações entre a distribuição e intensidade dos condicionantes climáticos, chuva com menos de 80 mm, temperaturas entre 24 a 35 °C e umidade entre 70 a 80 % são favoráveis ao desenvolvimento do vetor. O padrão socioespacial em que predominaram as ocorrências de dengue foi em unidades espaciais com problemas de saneamento básico que atingiu principalmente grupos sociais de baixo poder aquisitivo no município de Itacoatiara. Tais fatores configuraram o processo saúde-doença nas unidades espaciais de Itacoatiara como produtores de risco de dengue. A espacialização do vetor e consequentemente o desenvolvimento da doença é decorrente de um problema pré-existente, o de sistema de serviços de saneamento básico.


Palavras-chave


Configuração socioespacial. Saneamento básico. Risco de dengue. Itacoatiara.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v45i1.52530