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A ESPACIALIDADE DO RELEVO EM PAISAGENS TRANSFORMADAS E SUA REPRESENTAÇÃO: MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DA BACIA DO RIO PARAIBUNA, SUDESTE DE MINAS GERAIS

Roberto Marques Neto, Felipe Pacheco da Silva, Rodinei de Almeida Fernandes, Juliana Costa Barreto, Carolina Campos Eduardo

Resumo


A concepção de que as áreas urbanas configuram espacialidades nas quais a transformação dos sistemas naturais tende a serem mais intensas norteou os pressupostos do presente trabalho, cujo objetivo se pautou no mapeamento geomorfológico da bacia do rio Paraibuna (MG), que dá aporte a maior parte do sítio urbano de Juiz de Fora, cidade de maior expressão espacial na Zona da Mata Mineira. A interpretação da espacialidade do relevo, estreitamente relacionada com as lógicas de organização do espaço vigentes ao longo da história de ocupação territorial, demandou o reconhecimento e representação cartográfica de fatos geomórficos antropogênicos interpenetrados aos sistemas geomorfológicos mais próximos de sua integridade original, congregando informações que remetem a um estágio atual de perturbação e realçando a aplicação deste documento cartográfico no planejamento e gestão territorial. O trabalho deu conta de mapear unidades geomorfológicas ordenadas em padrões de formas semelhantes segundo os modelados de dissecação e agradação identificados e seus aspectos morfométricos fundamentais (declividade, profundidade de dissecação e dimensão interfluvial). Em um segundo nível de abordagem, foi empreendida a inserção de símbolos representativos de feições morfológicas e processos atuais (escarpas, focos erosivos, capturas, áreas de mineração), permitindo uma interpretação abrangente do relevo da área de estudo em suas formas e processos, pretéritos e atuais.


Palavras-chave


Morfologia antropogênica; cartografia geomorfológica; bacia do rio Paraibuna; gráben do rio Paraibuna.

Texto completo:

ARTIGO AUTORIZAÇÃO

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v41i0.49186