HOJE TEM FESTA NA ROÇA: O TRABALHAR-FESTAR DAS MAROMBAS E A ESPAÇO-TEMPORALIDADE DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA EM TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS DO VALE DO JEQUITINHONHA MINEIRO
DOI:
https://doi.org/10.5380/raega.v42i0.44648Palavras-chave:
Geografia, Geografia Cultural, Trabalhos coletivos e cantados, Comunidades Quilombolas,Resumo
Formas de trabalho vicinal coletivo, de natureza espontânea e solidária, mediadas por relações produtivas não-mercantis intra e interfamiliares, constituem elementos tradicionais das relações de solidariedade e reciprocidade camponesa que criam e fortalecem laços comunitários e socioafetivos fundamentais à organização e (re)produção socioespacial das famílias rurais. Neste sentido, buscamos no presente artigo refletir sobre uma dessas modalidades de trabalho praticada até meados da década de 1980 por famílias quilombolas da região do Alagadiço, município de Minas Novas, Vale do Jequitinhonha-MG, denominada por marombas. Para consecução desse objetivo, recorremos ao uso de uma metodologia essencialmente qualitativa, operacionalizada através da realização de entrevistas semi-estruturadas, histórias de vida e registros de áudio das canções das marombas. A partir das análises e discussões realizadas, concluiu-se que as marombas ofereceram um importante subsídio ao processo de territorialização e, mais recentemente, reterritorialização quilombola no Alagadiço, ao promover a criação de uma ampla rede de relações intra e interfamiliares, construir e/ou fortalecer os vínculos sociais e identitários entre os membros dessas comunidades, contribuir para a sua integração e coesão comunitária, e possibilitar, com efeito, a organização e (re)produção socioespacial de suas famílias.
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