“O POVO VOTAVA EM QUEM ELE MANDAVA”: NOTAS DE CAMPO SOBRE A HERANÇA SIMBÓLICA DO CORONEL VEREMUNDO SOARES EM SALGUEIRO-PE
DOI:
https://doi.org/10.5380/nep.v8i2.89109Palavras-chave:
Coronelismo. Família Soares. Veremundo.Resumo
Este artigo buscou identificar vestígios da herança simbólica deixada pelo coronel Veremundo Soares na cidade de Salgueiro, no interior de Pernambuco, a pouco mais de 500 km do Recife. O mandonismo político-familiar nos municípios do Sertão nordestino durante o período do coronelismo marcou sobremaneira as relações e configurações de poder muito tempo após o término deste período histórico do Brasil. Assim, durante visita de campo com duração de uma semana, viajamos a Salgueiro com o objetivo de compreender, através de entrevistas e visitas a espaços simbólicos da cidade, as construções sociais perpetuadas no tempo por familiares, amigos e moradores locais sobre o coronel Veremundo Soares, um dos mais emblemáticos coronéis pernambucanos. Para tanto, partimos da noção de civilidade presente em Norbert Elias e de fronteiras sociais e simbólicas com base nas reflexões de Michéle Lamont na busca pela compreensão dos dados encontrados.
Referências
ARTIGAS, José Henrique de Godoy. O PRP e a política regional paulista na I República. In: CONGRESSO LATINOAMERICANO DE CIÊNCIA POLÍTICA. ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA DE CIENCIA POLÍTICA, 5, 2010, Anais... Acta Académica, 2010.
CAMMACK, Paul. O coronelismo e o compromisso coronelista: uma crítica. Cadernos do Departamento de Ciência Política, nº 5, Belo Horizonte, 1979.
CARONE. Edgard. A República Velha II: evolução política (1889-1930). São Paulo, Difel, 1977.
CARVALHO, José Murilo de. Mandonismo, Coronelismo, clientelismo: uma discussão conceitual. In: CARVALHO, José Murilo de. Pontos e Bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: Ed. UFMG/Humanitas, 1999.
ELIAS, Norbert. Os Alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. 2 v. Formação do estado e civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
DOMINGUES, José Maurício. A dialética da modernização conservadora e a nova história do Brasil. Dados, v. 45, n. 3, p.459-482, 2002.
LAMONT, Michèle. Money, moral and manners: the culture of the French and the American upper-middle class. Chicago: University of Chicago Press, 1992.
JUNIOR, Waldemar Alves da Silva. O coronelismo em Salgueiro: uma análise da trajetória política do coronel Veremundo Soares (1920-1945). Recife: Edições Waldemar Alves, 2006.
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto. 7. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
LEWIN, Linda. Política e Parentela na Paraíba: Um estudo de caso da oligarquia de base familiar. Rio de Janeiro: Record, 1993.
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. O coronelismo numa interpretação sociológica, In: Fausto, Boris (Org.) - História Geral da Civilização Brasileira. Tomo III, v 1, São Paulo: Difel, 1975.
REGT, Ali de. Ofensiva civilizadora: do conceito sociológico ao apelo moral. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 16, n. 47, p. 137- 153, 2017.
PANG, Eoul Soo. Coronelismo e oligarquias, 1889-1934: a Bahia na Primeira República brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
POLAZ, Karen; ALMEIDA, Maria Fonseca de. Fronteiras sociais e simbólicas em um clube de elite. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 33, n. 98, 2018.
SALLES, Alexandra. Do coronelismo ao neo-coronelismo. Um estudo sobre a ascensão, a queda e o ressurgimento de Antônio Lorenzetti Filho. 100f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Sociologia da Faculdade de Ciências e Letras, UNESP - Araraquara, 2012.
VILAÇA, M. V.; ALBUQUERQUE, R. C. Coronel, coronéis: Apogeu e declínio do coronelismo no Nordeste. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.