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A SOBREMESA FRANCESA DOS ANOS 1950 AOS ANOS 2000: EVOLUÇÃO, CONSUMO E PATRIMÔNIO

Giana Cristina Coró

Resumo


O ato alimentar encontra-se em um plano interdisciplinar onde necessidade e prazer, fisiologia, história e cultura coexistem. A sobremesa é grande exemplo desta relação e sinônimo de sociabilidade. Na França, ela é ainda mais; trata-se de um momento de grande valor simbólico e emocional. Através do memorável mestre Antonin Carême, fundador da “confeitaria moderna”, o país estreitou e consolidou sua relação com a sobremesa, tornando-a reputada internacionalmente. Entretanto, os hábitos alimentares dos franceses se modificaram enormemente da metade do século XX em diante. A indústria se desenvolve e tanto sobremesas lácteas quanto a confeitaria industrial passam a ser armazenadas em domicílio; a grande distribuição aumenta a oferta e o acesso a estes produtos; e, simultaneamente, a mulher ganha o mercado de trabalho e passa a dedicar menos tempo à cozinha. O tempo se torna um bem efêmero e a sobremesa evolui, acompanhando a transformação dos discursos. A confeitaria artesanal, acuada pelo aumento da concorrência, se desenvolve cada vez mais e alia o savoir-faire francês a novas tecnologias. Atualmente, cores, formas, texturas e temperaturas se combinam em sobremesas que buscam resgatar o “gosto da infância”, reencontrar sensações e prazeres de outrora. Sobremesas clássicas, que desapareceram por certo tempo, hoje são resgatadas e adaptadas ao gosto atual. A sobremesa do cotidiano, mas também a de grandes chefs e de grandes butiques francesas, seguem esta tendência; é a coexistência da tradição e da inovação. A sobremesa francesa evoluiu, mas permanece um símbolo de convívio, nostalgia, encanto e deleite.

Palavras-chave


Sobremesa; França; Evolução

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/his.v54i1.25745