Vontade (boulesis) e consentimento (sunkatathesis) em Aristóteles e Abelardo: atos do apetite (orexis) ou da razão (logos)?
Resumo
A questão principal levantada no presente artigo diz respeito à natureza ontológicado ato intencional, anterior à ação moral propriamente dita, nos pensamentos deAristóteles e de Abelardo. Mais especificamente, examinamos dois temas indiretamenteligados entre si. Primeiro, trata-se do problema secular da natureza exata da vontade(boulêsis) em Aristóteles, que certamente alude a um ato racional (logikos), cuja fonte seencontra, todavia, no apetite (orexis). A segunda interrogação diz respeito à noção deconsentimento (consensus) em Abelardo, que também coloca a questão do seu caráterontológico voluntário ou racional. Os dois assuntos estão ligados, na medida em que oconsentimento abelardiano se aparenta à idéia aristotélica de escolha (proairesis) e, sobretudo,à de assentimento (sunkatathesis) estóico, e não, como acreditam alguns comentadores,à noção agostiniana de vontade como ato livre e espontâneo. Essa identificação doconsentimento abelardiano com a vontade em Agostinho vem de uma confusão mais terminológicae perspéctica que interpretativa.
Palavras-chave
vontade; consentimento; apetite; razão; Aristóteles; Abelardo
Texto completo:
PDFDOI: http://dx.doi.org/10.5380/dp.v7i1.20120