POLÍTICAS CULTURAIS E CULTURA POP COMO MEIO DE PROMOÇÃO DA IMAGEM INTERNACIONAL DO JAPÃO: UM LEVANTAMENTO EXPLORATÓRIO DESDE O PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
DOI:
https://doi.org/10.5380/cg.v13i1.90263Resumo
A partir do final do século XX, observou-se a disseminação de bens culturais e marcas japonesas pelo mundo, o que tem contribuído para o debate acadêmico sobre o conceito de soft power de um país na arena internacional. Termos como Kawaii, J-Rock, Mangá, Animê, Tokusatsu, Studios Ghibli, Nintendo e muitos outros se tornaram expressões cada vez mais reconhecidas globalmente, simbolizando a essência do que o Japão foi e ainda é associado. Diante desse contexto, este estudo tem como objetivo central mapear as políticas culturais implementadas pelo governo japonês ao longo dos anos, visando compreender seu papel na disseminação de seus bens culturais e marcas, com especial ênfase no período do governo de Shinzo Abe (2012-2020). Nesse sentido, o artigo parte da seguinte questão de pesquisa: quais políticas foram adotadas ao longo dos anos pelo governo japonês para promover sua cultura pop e influenciar as percepções internacionais sobre si, especialmente durante o mandato de Shinzo Abe (2012-2020)? A análise fundamenta-se nas reflexões acerca da diplomacia cultural e do debate de soft power e, metodologicamente, o estudo adota uma abordagem exploratória e descritiva das políticas culturais japonesas. O artigo evidencia que o Japão utiliza a cultura como uma ferramenta estratégica para projetar uma imagem positiva de si no cenário internacional. Durante o governo de Shinzo Abe, esses projetos culturais foram significativamente ampliados, impulsionados não apenas pela longevidade de seu mandato, mas também pelos interesses de uma política externa mais assertiva, com ênfase em fortalecer a posição do país no contexto regional.
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