Open Journal Systems

Editorial v.11, n.3, 2022

Douglas H. Novelli, Rodrigo Leão

Resumo


Por décadas a questão energética tem sido um dos principais fenômenos que estruturam as dinâmicas do Sistema Internacional, seja diretamente, através de choques econômicos como as Crises do Petróleo, ou indiretamente, por meio da competição por recursos entre os Estados. O atual contexto de transição energética tem reavivado essa agenda de pesquisa, com as potencialidades do cenário – assim como seus riscos e desafios – fornecendo pautas instigantes para pesquisadores dos mais diversos campos.

Com isso em mente, a Revista Conjuntura Global tem orgulho de ter firmado uma parceria com o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), com a finalidade de oferecer a comunidade acadêmica das Relações Internacionais e áreas correlatas um ambiente para expor suas pesquisas sobre o assunto em questão. O principal produto dessa parceria é o presente dossiê temático, estruturado em torno do tema “Desafios da transição energética sob a ótica das Relações Internacionais”.

Quatro artigos integram a presente edição da revista, abordando a questão corrente sob os mais diversos prismas teórico-metodológicos. Abrindo o dossiê, trazemos o artigo “The Brazilian Particularity: Pre-Salt in the Energy Transition”, de Giorgio Romano Schutte, Igor Fuser e Rafael Almeida Ferreira Abrão (2022), que se propõe a analisar os desafios criados pelo cenário da exploração das reservas brasileiras de petróleo em águas profundas – o pré-sal –, argumentando que o grande desafio para o Brasil no atual cenário internacional de transição energética será encontrar o equilíbrio adequado entre os ganhos econômicos do pré-sal e as políticas de incentivo ao desenvolvimento e adoção de outras fontes energéticas.

Em seguida, trazemos o artigo “Transição energética e grandes empresas de petróleo: o protagonismo das europeias na entrada no setor de renováveis”, de Isadora Coutinho e Nathália Dias (2022), que discute o processo de transição energética a nível global ao elencar as principais estratégias adotadas pelas empresas europeias frente às empresas estadunidenses e chinesas. Nesse sentido, as autoras mapeiam as práticas adotadas especificamente pela BP, Equinor e TotalEnergies em busca de tornar suas atividades produtivas no setor de óleo e gás menos poluentes, identificando entre seus resultados o perfil mais agressivo de entrada das empresas europeias no mercado de energia renovável, além de uma tendência das petroleiras em buscar adaptar suas refinarias que apresentam um alto potencial desempenho para a produção de bioenergia.

O terceiro artigo do dossiê é o texto “Transição energética nos EUA: por ora, o gás natural é o limite”, de João Montenegro (2022), no qual o autor busca analisar o histórico e as perspectivas futuras de transição energética nos Estados Unidos, tentando entender o papel que o país ocupa no processo de descarbonização da matriz energética mundial. Para tanto, analisa a evolução da matriz energética estadunidense entre os anos de 1991 e 2021, com base nas quais apresenta suas projeções para os próximos 30 anos. O artigo conclui que, apesar de haver uma transição energética em curso nos EUA, o país ainda seguirá dependente dos combustíveis fósseis, sobretudo do gás natural, tendendo a retardar o processo da descarbonização da matriz energética global por razões geopolíticas.

Fechando o dossiê, apresentamos o artigo “Energia, guerra e transição: a Guerra da Ucrânia e os novos paradigmas do consumo energético”, de Filipe Philipps de Castilho (2022), que procura investigar os efeitos do atual conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia para o processo global de transição energética, tentando verificar em que medida o conflito em questão pode acelerar essa transição, destacando, ainda, seus eventuais efeitos sobre a independência energética da União Europeia. Seus resultados indicam que, apesar do conflito apresentar o potencial para acelerar e estimular o processo de transição na direção de fontes energéticas mais limpas, tal processo encontra barreiras nas atuais conjunturas operacional e política do continente europeu.

Concluída a apresentação dos artigos desse número especial da Revista Conjuntura Global em parceria com o Ineep, agradecemos a todos e todas que participaram da realização desse projeto conjunto e desejamos uma ótima leitura!


Texto completo:

PDF


DOI: http://dx.doi.org/10.5380/cg.v11i3.89306

Apontamentos

  • Não há apontamentos.