Análise do papel da UNAMIR e sua incongruência na Guerra Civil de Ruanda (1993 - 1996)
DOI:
https://doi.org/10.5380/cg.v11i2.84635Resumo
Este artigo analisa a o papel desempenhado pela Missão de Assistência das Nações Unidas para Ruanda - United Nations Assistance Mission for Rwanda (UNAMIR) entre 1993 e 1996, como resposta do Conselho de Segurança da ONU perante o genocídio que tomou conta nesse país. A análise contempla as causas da guerra civil a partir do processo histórico da formação recente de Ruanda como consequência da influência colonialista belga e do contexto internacional no início do pós Guerra Fria, resultando no genocídio da população ruandês entre Tutsis e Hutus (suas principais etnias) e a missão de paz realizada para contê-lo. A análise demonstra que a UNAMIR foi uma missão incongruente com os princípios e natureza definida pelas das Nações Unidas, questionando-se assim a sua eficiência. A pergunta central da pesquisa esta focada no fato de após três décadas dos acontecimentos, a dúvida remanesce sobre qual foi a justificativa por trás da incongruência da missão de paz do Conselho de Segurança da ONU em autorizar a mudança de natureza da UNAMIR e seguidamente decretar o seu cancelamento imediato, deixando o caminho livre para o genocídio acontecer. São objetivos desta pesquisa evidenciar os motivos que levaram ao cancelamento da UNAMIR enquanto o conflito entre as etnias ainda acontecia; compreender os impactos do legado da colonização marginal alemã e belga no país, e sua influência nos grupos combatentes, assim como verificar a partir de uma perspectiva teórica crítica e pós-colonial os desdobramentos do genocídio do ponto de vista da inoperância da UNAMIR. Este estudo seguiu os lineamentos procedimentais de uma pesquisa empírica e bibliográfica, tendo como foco a atuação da UNAMIR e seu papel responsável no desenvolvimento do genocídio produzido pela guerra civil em Ruanda.
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