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Imperialismo, petróleo e o intervencionismo ocidental: análise da guerra civil na Líbia (2011 - 2020)

Ana Karolina Morais da Silva, Beatriz dos Santos Abreu, Issam Rabih Menem

Resumo


No presente artigo, buscamos analisar, a partir de uma perspectiva crítica, a invasão da OTAN à Líbia em 2011 e o conflito civil desencadeado a partir desta. O artigo está estruturado em três grandes capítulos. O primeiro tem como objetivo apresentar o conceito de Imperialismo a partir da teoria marxista. Em seguida, é elaborada uma revisão histórica de como o território líbio se insere no sistema internacional e na agenda das grandes potências ocidentais a partir da descoberta e da nacionalização do petróleo. Por fim, é desenvolvida uma análise de conjuntura do conflito político-militar que se desenrola naquele território a partir da intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Parte-se da premissa de que o imperialismo ocidental se reconfigurou no século XXI, expondo sua faceta mais violenta e espoliadora, especialmente a partir das invasões do Afeganistão e do Iraque, em 2001 e em 2003, respectivamente. Ao longo das duas últimas décadas, países ricos em recursos energéticos governados por grupos políticos assumidamente antiocidentais têm sido alvo constante do intervencionismo ocidental. A acumulação via espoliação, estratégia do capital que foi intensificada desde a primeira crise do petróleo em 1973, surge como compensação pelos problemas crônicos de sobreacumulação que surgiram no âmbito da reprodução capitalista expandida. A Líbia, especialmente a partir da ascensão de Kadafi em 1969, esteve envolvida no epicentro da luta antiimperialista dos países produtores de petróleo e, no contexto da Primavera Árabe, sofreu uma intervenção da OTAN, justificada pelos princípios de defesa da democracia ocidental.

 Palavras-Chave: Imperialismo; Petróleo; Intervencionismo; OTAN; Líbia.


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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/cg.v10i1.74925

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