O Oriente Médio na Agenda Brasileira de Cooperação Sul-Sul (2000-2020)
DOI:
https://doi.org/10.5380/cg.v9i2.72917Resumo
Este artigo tem como propósito identificar o Oriente Médio na agenda brasileira (2000-2020) de Cooperação Sul-Sul, ferramenta demasiadamente explorada pela diplomacia brasileira como fonte de poder brando. Os países do Oriente Médio representam um importante destino dos produtos da agropecuária brasileira, setor estratégico de economias exportadoras de produtos primários. Como método de análise, explorou-se o repositório da Agência Brasileira de Cooperação, o acervo do Ministério das Relações Exteriores e artigos acadêmicos. A relação, que até então era apenas migratória e cultural, ganha uma notoriedade política e econômica a partir da década de 1970. O Brasil aproximou-se de forma inédita e estratégica de países árabes, como o Iraque, Arábia Saudita e Líbia, para resguardar-se de uma importante vulnerabilidade energética. Porém, por diferentes variáveis, a relação deteriorou-se a partir da metade dos anos de 1980. O trabalho sustenta que a ascensão do presidente Lula da Silva foi primordial para a introdução do Oriente Médio na agenda brasileira de Cooperação Sul-Sul. A aproximação com o Oriente Médio ressurge na década de 2000 com o protagonismo do presidente Lula na criação da Cúpula América do Sul – Países Árabes (ASPA) e no fortalecimento da Agência Brasileira de Cooperação. Todavia, percebeu-se que as relações políticas e econômicas com Oriente Médio voltam a perder intensidade ainda no primeiro governo da presidente Dilma Rousseff, devido a uma profunda crise política e econômica que assolou o Brasil. Desde então, o Oriente Médio perde protagonismo na Política Externa Brasileira, principalmente no que tange à Cooperação Sul-Sul.
Palavras-Chave: Brasil; Oriente Médio; Cooperação Sul-Sul.
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