O trabalho escravo doméstico no Brasil
estruturas dominantes de poder que privilegiam classes e perpetuam o racismo
DOI:
https://doi.org/10.5380/cejur.v3i2.97731Resumo
Aborda a histórica trajetória de desigualdades sociais e raciais no trabalho doméstico no Brasil, predominantemente realizado por mulheres negras de baixa renda. Debate como essa ocupação tem sido marcada por precariedade salarial e falta de proteção jurídica. Discorre sobre a evolução legislativa da regulamentação dos direitos dos trabalhadores domésticos a partir da Lei 5.859/72, progredindo significativamente somente com a Constituição de 1988, a Emenda Constitucional n. 72 de 2013 e a Lei Complementar n. 150 de 2015. Explana os fundamentos jurídicos e elementos gerais e especiais para configuração do vínculo de emprego doméstico. Discute que, mesmo com avanços legais, persistem desigualdades que afetam sobretudo as mulheres negras, através de dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). A pesquisa utiliza dados bibliográficos e do IPEA para explorar como estruturas de poder, racismo e castismo, a partir de autores como Isabel Wilkerson e Silvio Almeida, impactam a vida das trabalhadoras domésticas. Apresenta casos contemporâneos de condições análogas à escravidão que ilustram a perpetuação dessas dinâmicas opressivas. Questiona o papel do Judiciário na manutenção dessas hierarquias sociais e discute a importância de políticas públicas que enfrentem as questões de gênero, raça e classe visando à justiça social. A perpetuação dessas injustiças é observada tanto nas condições materiais de trabalho quanto no sistema de castas enraizado na sociedade brasileira. Conclui que, além das leis, é essencial a implementação de mecanismos eficazes de fiscalização e promoção da igualdade para alcançar uma real transformação social e justiça para essa categoria de trabalhadores.
Referências
ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado Social. 11a Edição. São Paulo: Malheiros Editores, 2013.
BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 23 jul. 2024.
BRASIL. Lei Complementar n. 150, de 1º de junho de 2015. Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 1, 02 jun. 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp150.htm. Acesso em: 23 jul. 2024.
CARVALHO, Monica Gurjão; GONÇALVES, Maria da Graça Marchina. Trabalho doméstico remunerado e resistência: interseccionando raça, gênero e classe. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 43, e249090, p. 1-16, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-3703003249090. Acesso em: 23 jul. 2024..
CAVALCANTI, Tiago Muniz. Sub-humanos: o capitalismo e a metamorfose da escravidão. 1. Ed. São Paulo: Boitempo, 2021.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 21 ed. São Paulo: Editora LTr. 2019.
HASSEN, Gilvan Luz. Modernidade, Utopia e Trabalho. 2a Edição. Londrina: Engenho das Letras, 2020.
HEGEL, G.W.F. Princípios da Filosofia do Direito. 1. Edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1997.
PINHEIRO, Luana; MEDEIROS, Marcelo; COSTA, Joana; BARBOSA, Ana de Holanda. Gênero é o que importa: determinantes do trabalho doméstico não remunerado no Brasil. Brasília, DF: Ipea, set. 2023. 44 p. ISSN 1415-4765. (Texto para Discussão, n. 2920). DOI: http://dx.doi.org/10.38116/td2920-port.
SANSON, Cesar. Trabalho nos clássicos da sociologia: Marx, Dukheim e Weber. 1a Edição. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2021.
SEVERO, Valdete Souto. A perda do emprego no Brasil: notas para uma teoria crítica e para uma prática transformadora. Porto Alegre: Sulina, 2021.
SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: Quem é e como vive. Editora da UFMG, 2009.
TRT-24. Trabalho Doméstico. Descaracterização. Princípio da Norma Mais Favorável ao Trabalhador. Relator: Ricardo Geraldo Monteiro Zandona, 2ª Turma, 02 set. 2015. Processo 00253129320145240001. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/trt-24/663191409. Acesso em: 24 jul. 2024.
WILKERSON, Isabel. Casta. As origens de nosso mal-estar. Trad. Denise Bottmann e Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Eduardo da Silva Calixto

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores que publicam na Revista concordam com os seguintes termos:
– os autores mantêm os direitos autorais e transferem à Revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob a Licença Creative Commons — Atribuição 4.0 Internacional, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e da publicação inicial na Revista;
– os autores têm autorização para assumir obrigações adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada na Revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento da autoria e da publicação inicial na Revista;
– qualquer pessoa é livre para compartilhar (copiar e redistribuir o trabalho em qualquer suporte ou formato) e para adaptar (remixar, transformar e criar a partir do trabalho) para qualquer fim, mesmo que comercial, devendo todavia, em qualquer caso, dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas no trabalho original, nos termos da Licença Creative Commons — Atribuição 4.0 Internacional e respeitados a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, e outros normativos vigentes.


